Bernardo Bittar
postado em 23/04/2019 12:06
Derrotados nas eleições de outubro, os ex-candidatos à Presidência da República Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT) debateram sobre os 100 primeiros dias de governo Bolsonaro em evento promovido, nesta terça-feira (23/4), no Interlegis - programa do Senado Federal parceiro do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Integrantes da oposição ao governo, eles atacaram a gestão do presidente Jair Bolsonaro e evidenciaram a intenção dos partidos centro-esquerdistas de isolarem o PT.
O encontro desta terça ocorreu a convite do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e também contou com a presença do senador Cid Gomes (PDT-CE), ex-ministro da Educação e ex-governador do Estado. Em mais de três horas de evento, Cid limitou-se a dizer que suas opiniões eram "iguais às de Ciro". "Fomos criados na mesma casa, estudamos no mesmo colégio. É tudo a mesma coisa, temos as mesmas opiniões".
Os assuntos discutidos no evento foram basicamente a reforma da Previdência, as questões envolvendo o déficit fiscal e os projetos do ministro da Economia, Paulo Guedes; ideias sobre a melhoria da Educação e a crise interna vivida no Supremo Tribunal Federal (STF), hoje acusado de censura após mandar investigar internautas e proibir a circulação de uma matéria de revista. ;Se nós quisermos melhorar, teremos que entender a Previdência;, disparou Ciro, um dos que mais falou durante o debate.
Previdência
Ciro disse que a Previdência faz sentido porque o aposentado contribuiu para gerar riqueza e precisa ser acolhido. O ex-governador disse que não se trata de caridade, pois a pessoa contribuiu. Para o pedetista, o eixo central dessa reforma é a contribuição patronal, herança da ;famigerada; reforma trabalhista que retirou direitos do trabalhador.
;Tínhamos sete ocupados para financiar o aposentado com expectativa de 60 anos, agora temos pouco mais de um para financiar o aposentado com 70 anos;, afirmou o ex-candidato ao Planalto. Ciro alfinetou o PT ao falar sobre capitalização, frisando que a mesma ;não significa privatização, antes que algum petista louco venha falar (...);.
Marina Silva pontuou pontos que julga relevantes, ;um projeto mais inclusivo e justo;. Para a ex-senadora, trabalhadores que vivem com a carteira de trabalho ;assinadas dia sim, dia não, ficam de fora desse novo projeto de Previdência;. Sobre o governo Bolsonaro, declarou: ;nós temos um presidente da República que não preside seus ministros, não autoriza os ministros para fazer o que é importante e estratégico;.
Ao analisar o evento, o senador Randolfe disse que ;Ciro e Marina foram os dois protagonistas das últimas eleições, enfrentaram as bestas-feras;.