O presidente Jair Bolsonaro fará a primeira viagem oficial ao Nordeste, na sexta-feira, para entregar casas populares e anunciar mais verbas destinadas a obras de infraestrutura. Na região, ele perdeu em todos os estados para o petista Fernando Haddad nas eleições de 2018. Além disso, é lá que o chefe do Planalto tem as piores avaliações ; para 40% dos nordestinos, o governo dele é ruim ou péssimo, segundo o último levantamento do Ibope.
A visita ao Nordeste tomará toda a sexta-feira, segundo roteiro divulgado pelo Planalto. Em Petrolina (PE), Bolsonaro vai entregar um conjunto habitacional do programa Minha Casa, Minha Vida. Em Recife (PE), deve anunciar um acréscimo de R$ 2,1 bilhões ao Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste, a ser usado em obras. Ao todo, o fundo passará a ter R$ 25,8 bilhões em 2019.
No Planalto, essa agenda é tratada como uma tentativa de aproximação de Bolsonaro com a região, pois, na primeira entrevista após assumir o cargo, o presidente disse que governadores nordestinos não deveriam pedir dinheiro a ele. ;Não venham pedir nada para mim, porque não sou presidente. O presidente está lá em Curitiba;, afirmou, na ocasião, referindo-se ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso pela Operação Lava-Jato e aclamado no Nordeste.
Tempos depois, Bolsonaro reconheceu que ;o homem mais sofrido do Brasil está na Região Nordeste; e disse que ia mergulhar para resolver os problemas locais. A viagem desta semana foi precedida de encontros com governadores da região. Em uma reunião recente em Brasília, ministros palacianos apelaram aos mandatários por mais apoio à reforma da Previdência. Depois, pediram a Bolsonaro que visitasse o Nordeste.
Os governadores que estavam no encontro disseram que entendiam a necessidade da reforma, mas pediram proteção aos pobres do Nordeste. A região espera a retomada de obras rodoviárias, de segurança hídrica e habitacionais, como forma de combater o desemprego. As questões foram listadas em carta aberta enviada pelos governadores ao Planalto.
Um dos desafios do presidente no Nordeste será diminuir o mal-estar em torno dos cortes orçamentários nas universidades e institutos federais, que motivaram manifestações nas ruas, na semana passada, em todo o país. (BB)
Dramático
O Nordeste tem a maior taxa de desemprego do país: 15,3%, acima da média nacional, de 12,7%. Além disso, também sofre arrocho no orçamento. Nos primeiros três meses do ano, Bolsonaro enviou R$ 242 milhões aos estados nordestinos.