Politica

Anac é contra armas em voos

Agência de Aviação Civil pede revisão do decreto que flexibiliza compra e porte de armamento, no que diz respeito ao uso em aviões. Órgão regulador teme que regra afaste companhias aéreas estrangeiras do país, já que norma fere padrões internacionais

postado em 21/05/2019 04:27
Agência de Aviação Civil pede revisão do decreto que flexibiliza compra e porte de armamento, no que diz respeito ao uso em aviões. Órgão regulador teme que regra afaste companhias aéreas estrangeiras do país, já que norma fere padrões internacionais

A Agência de Aviação Civil (Anac) entrou ontem com um pedido de revisão do Decreto n; 9.785, que regulamenta a posse, porte e compra de armas no país, assinado pelo presidente Jair Bolsonaro no último dia 7. O órgão regulador e as companhias aéreas temem que a possibilidade de embarcar armado possa afastar as empresas estrangeiras que voam no Brasil.

Em nota, a Anac informou que ;a agência regulamenta o embarque de passageiros armados no transporte aéreo por meio da Resolução n; 461, que tem por objetivo aumentar o nível de segurança a bordo e seguir os padrões estipulados internacionalmente.;

Ainda de acordo com a agência, o Brasil é reconhecido internacionalmente e a Anac tem avaliação de 97% de conformidade na auditoria do USAP (Universal Security Audit Program), programa da OACI direcionado à análise da área de segurança contra atos de interferência ilícita.

A próxima auditoria da USAP, prevista para ocorrer na semana que vem, é um alerta, pois, caso identifique grave risco, a OACI pode emitir um Significant Security Concern (SSeC) para os estados-membros sobre a situação no Brasil.

Em entrevista à GloboNews, o presidente da Anac, José Ricardo Botelho, afirmou que o órgão pediu uma retificação das normas propostas pelo decreto. ;Entrar armado tem que ser a exceção. A nossa norma foi feita de acordo com os padrões americanos. Padrão muito bem-visto pelo órgão da aviação civil mundial, que é a Icao (Organização Internacional da Aviação Civil), uma agência da ONU;, informou.

O decreto propõe novas regras para o embarque, repassa ao Ministério da Defesa e ao Ministério da Justiça e Segurança Pública a competência para o estabelecimento das regras e regulamentação de situações excepcionais que, ao interesse da ordem pública, policiais civis, federais, militares, integrantes das Forças Armadas e agentes do Departamento do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) possam embarcar armados.

A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) se posiciona contra a decisão de Bolsonaro. Para a associação, apesar de não se falar em empresas aéreas que pretendem deixar de operar no Brasil devido ao decreto, existe a possibilidade da diminuição de interesse futuro e da atratividade do país pelas empresas internacionais. Ainda de acordo com a Abear, a legislação vigente cumpre com as necessidades de porte de arma de grupos autorizados.

A atual legislação prevê que o embarque a bordo de aeronaves, de acordo com as normas da Anac, ;deve se restringir aos agentes públicos que, cumulativamente, possuam porte de arma por razão de ofício e necessitem comprovadamente ter acesso à arma no período compreendido entre o momento do ingresso na sala de embarque no aeródromo de origem e a chegada à área de desembarque no aeródromo de destino.;

Nesses casos, o acesso à arma para embarque é permitido apenas em casos em que o agente público esteja escoltando uma testemunha ou um passageiro custodiado, esteja executando técnicas de vigilância ou deslocamento após convocação para se apresentar no aeródromo para serviço.

* Estagiária sob supervisão de Rozane Oliveira


;Entrar armado tem que ser a exceção. A nossa norma foi feita de acordo com os padrões americanos. Padrão muito bem-visto pelo órgão da aviação civil mundial, que é a Icao, uma agência da ONU;
José Ricardo Botelho, presidente da Anac

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação