Representantes dos setores produtivos são favoráveis à aprovação, no Congresso, da proposta do governo de reforma da Previdência. O vice-presidente executivo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Paulo Afonso Ferreira, disse que a população tem apoiado as mudanças na legislação previdenciária. Ele considera que o texto está bem-elaborado e corrige injustiças, além de resolver o problema fiscal na próxima década.
;Num conjunto de normas e restrições fiscais e dificuldades da economia real, a reforma é essencial para o Brasil voltar a crescer;, afirmou. Para ele, a reforma passa pelo Congresso sem muitas alterações. De acordo com uma pesquisa da CNI, divulgada no início do mês, 59% dos entrevistados disseram ver necessidade de mudança nas regras de aposentadoria, enquanto 36% se declararam contra.
Segundo Ferreira, o ritmo lento da economia está relacionado a problemas estruturais e fiscais. ;Desde 2014, o endividamento público vem aumentando. Na visão da indústria nacional, precisamos começar pela reforma da Previdência. O modelo atual é desalinhado com o extraordinário crescimento da expectativa de vida da população brasileira;, frisou.
O presidente do Instituto CNA (da Confederação Nacional da Agricultura), Roberto Brant, afirma ser possível as mudanças não serem aprovadas ou sofrerem grandes alterações. ;Ainda existe uma hipótese de que a reforma não passe no parlamento ou que não tenha uma mudança minimamente eficiente, como se excluir os estados da reforma;, ressaltou. Na opinião dele, serão necessárias outras reformas para mudar a maneira como ocorrem os gastos públicos.
Para Brant, o governo foca no impacto fiscal da reforma, e não na necessidade de reformular o sistema financeiro. ;Preocupa-me o viés exclusivamente fiscal. A reforma propõe mais do que isso: propõe mudar a forma como ocorre o gasto público;, completou. Ele afirmou que, diante da recessão econômica e da estagnação das últimas décadas, é necessário realizar transformações profundas. ;Mesmo se a reforma passar, não será suficiente. Se o Brasil crescer 0,5% ou 1% não será o necessário. O país corre muito risco de se tornar ingovernável se a economia não crescer;, emendou.
Envelhecimento
O diretor-presidente do Sebrae, Carlos Melles, acredita que o maior desafio é o envelhecimento da população. ;Traz a consequência da aposentadoria e da perda da força de trabalho.; Na visão dele, o crescimento dos microempreendedores individuais (MEI) representa uma oportunidade de modernização para o Brasil. ;Talvez o MEI seja uma libertação, a Lei Áurea da lei trabalhista de inclusão das pessoas;, destacou.
Na opinião do diretor-técnico do Sebrae, Bruno Quick, a reforma vai restaurar a confiança dos consumidores e dos empresários na economia, principalmente para as pequenas empresas, que geram postos de trabalho. Ele disse que elas geraram 147 mil empregos no primeiro trimestre, quando as grandes companhias reduziram o número de vagas. ;A queda na confiança, tanto do empresário quanto do consumidor e da pequena empresa, está se elevando e precisamos fazer algo para frear isso;, disse. Ele vê a reforma da Previdência como capaz de elevar a confiança e aumentar o consumo das famílias.
* Estagiária sob supervisão de Claudia Dianni
59%
Entrevistados que disseram ver necessidade de mudanças nas regras de aposentadoria, segundo pesquisa da CNI