Os movimentos que apoiarão o governo amanhã, no dia de protestos pelo país, esperam entre 300 e 400 mil pessoas na Avenida Paulista, na capital de São Paulo. A concentração contará com 10 caminhões de som, em que deputados do PSL no estado e líderes desses grupos de rua apoiarão, com gritos de ordem, os ministros da Justiça, Sérgio Moro; da Economia, Paulo Guedes; e da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves. Estarão na pauta também a pressão em senadores pela permanência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) com Moro e críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), que, por maioria, criminalizou a homofobia.
A Avenida Paulista será a principal concentração do dia de manifestações e a adesão ao protesto na localidade será avaliado como o principal termômetro do apoio ao governo. A concretização do volume esperado ; segundo monitoramento dos organizadores, como o Nas Ruas ; seria uma demonstração de força e prestígio do governo, que, pela primeira vez, lida com uma rejeição superior à aprovação, de acordo com a última pesquisa XP/Ipespe, divulgada ontem. A mais recente manifestação em defesa de Bolsonaro ocorreu antes das eleições, com a presença de 600 mil pessoas. A diferença, no entanto, é que outros grupos prestaram apoio, como o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem pra Rua, que não participarão dos atos de amanhã.
A declaração de Guedes, em entrevista, sugerindo a possibilidade de sair do governo caso a reforma da Previdência vire uma ;reforminha;, despertou preocupação entre os organizadores, que estamparão faixas e cartazes nos caminhões. ;Estamos discutindo como exaltar a figura dele, mas, certamente, vamos enaltecê-lo e defender a reforma da Previdência sem texto paralelo, com a economia calculada por ele, de R$ 1,3 trilhão;, destacou a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), fundadora do Nas Ruas.
A defesa ao pacote anticrime de Moro e à permanência da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da política de demarcação de terras indígenas com Damares também estará permeada nos discursos. ;Como há movimentos para devolver o Coaf ao Moro, vamos focar isso e darmos força aos senadores;, declarou Zambelli.
A pressão no STF será feita pelo convencimento de que decisões dos ministros têm sido uma forma de legislação da Suprema Corte, tarefa que deve ser feita pelo Congresso.
Relacionamento
A relação entre o governo e o Congresso é marcada pela tensão e assim deve continuar, conforme prevê o cientista político Cristiano Noronha, vice-presidente da Arko Advice. As manifestações, por sinal, não ajudam a melhorar o relacionamento. ;O presidente já deu sinais claros de que não vai ceder a nenhuma pressão que possa ser entendida pela oposição como um ;toma lá, da cá;, pois afetaria sua popularidade, hoje, entre 20% e 25% de aprovação;, ressaltou. ;O Congresso já entendeu o recado e tem tentado forçar o governo ao erro, afetando as expectativas que havia em relação ao governo, que sofre desgastes, por exemplo, com a queda das expectativas de crescimento da economia: era de 2,5% este ano e caiu para 1,2%.; (RC e Jorge Vasconcellos)
400 mil
Número de pessoas esperadas na manifestação na Avenida Paulista