postado em 25/05/2019 04:05
Declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, repercutiram mal entre parlamentares e incomodaram o presidente Jair Bolsonaro. O líder da equipe econômica disse, em entrevista à revista Veja, publicada ontem, que, caso o Congresso aprove uma ;reforminha; da Previdência, ele deixará o governo e o país. Num primeiro momento, durante viagem ao Nordeste, o chefe do Executivo federal declarou que a iniciativa seria ;um direito dele;. Em seguida, pelo Twitter, criticou a imprensa, argumentando que a mídia tenta criar um atrito entre Guedes e o Palácio do Planalto.Em entrevista a jornalistas, no Recife, Bolsonaro disse que ninguém é obrigado a continuar como ministro dele. ;Logicamente, ele está vendo uma catástrofe, é verdade, eu concordo com ele (Guedes), se nós não aprovarmos algo realmente muito próximo ao que enviamos ao parlamento. O que Paulo Guedes vê, e ele não é nenhum vidente, nem precisa ser, para entender que o Brasil vai viver um caos econômico sem essa reforma;, ressaltou.
À revista, Guedes disse que não é irresponsável e inconsequente. ;Ah, não aprovou a reforma, vou embora no dia seguinte. Não existe isso;, frisou. ;Agora, posso perfeitamente dizer assim: ;Olha, já fiz o que tinha de ter sido feito. Não estou com vontade de ficar, vou dar uns meses, justamente para não criar problemas, mas não dá para permanecer no cargo;. Se só eu quero a reforma, vou embora para casa. Se eu sentir que o presidente não quer a reforma, a mídia está a fim só de bagunçar, a oposição quer tumultuar, explodir e correr o risco de ter um confronto sério; pego o avião e vou morar lá fora;, completou.
Presidente da Comissão Especial da reforma da Previdência, o deputado Marcelo Ramos (PR-AM) afirmou que com ou sem o ministro no governo a proposta vai ser aprovada. Ele e o relator da proposta, Samuel Moreira (PSDB-SP), avaliam que a declaração de Guedes não tem efeito sobre o Congresso. ;A Câmara tem compromisso com a reforma, independentemente desse discurso, que beira a chantagem. Ele é importante, mas, com ou sem ele, vai ter reforma;, cravou o presidente da comissão.
Mais tarde, pelo Twitter, Bolsonaro criticou as notícias publicadas sobre o tema. ;Peço desculpas por frustrar a tentativa de parte da mídia de criar um virtual atrito entre mim e Paulo Guedes. Nosso casamento segue mais forte que nunca kkkkk;, escreveu. ;No mais, caso não aprovemos a Previdência, creio que deva trocar o Min. da Economia pelo da Alquimia, só assim resolve.;
Ministério nega
À noite, o Ministério da Economia publicou uma nota reforçando o total compromisso de Guedes com a retomada do crescimento. A pasta rechaça qualquer hipótese de que ele se afaste do propósito. ;O Ministério da Economia reitera ainda sua absoluta confiança no trabalho do Congresso Nacional, instituição com a qual mantém excelente diálogo, para garantir a aprovação da Nova Previdência com economia superior a R$ 1 trilhão;, destacou a nota.
O deputado federal José Nelto (GO), líder do Podemos, classificou como chantagem as declarações de Guedes. ;O ministro faz chantagem com o Congresso e com a nação. Em vez de fazer chantagem, de pegar um avião e morar no exterior, ele deveria dar o exemplo, ficar no país, ajudar a resolver a crise e apresentar todas as propostas que o Brasil espera. É isso que nós queremos, e não um ministro fujão;, criticou.
;Peço desculpas por frustrar a tentativa de parte da mídia de criar um virtual atrito entre mim e Paulo Guedes. Nosso casamento segue mais forte que nunca kkkkk. No mais, caso não aprovemos a Previdência, creio que deva trocar o Min. da Economia pelo da Alquimia, só assim resolve;
Jair Bolsonaro, presidente da República