postado em 27/05/2019 04:04
Mesmo sem ir às ruas acompanhar protestos a favor do governo, o presidente Jair Bolsonaro se manifestou e usou as redes sociais para divulgar informações sobre a movimentação nos estados. No Twitter, ao longo do dia, o chefe do Executivo postou imagens de atos em várias cidades do país. Além disso, fez discursos públicos em apoio aos militantes e disse que a mobilização serve como ;recado; a políticos. As palavras do presidente levantaram críticas da oposição e repercutiram entre os parlamentares. É pouco provável que as disputas políticas em Brasília permaneçam em fogo alto.
A primeira manifestação de ontem ocorreu em Brasília, logo pela manhã, com concentração na Esplanada dos Ministérios. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, cerca de 20 mil pessoas passaram pelo local durante todo o dia. Ao longo da tarde, a quantidade de participantes em atos de São Paulo, no Rio de Janeiro e no restante do país animou governistas. Mas não superaram o público registrado no último dia 15, quando ocorreu uma marcha contra cortes realizados no orçamento do Ministério da Educação.
Em número de cidades, as manifestações contrárias ao governo registradas no último dia 15 dominaram. Naquele dia, a polícia contou atos contra cortes realizados no orçamento do Ministério da Educação em 180 cidades, contra 156 municípios nos atos de ontem pró-Bolsonaro. Enquanto ocorriam mobilizações nas cinco regiões, Bolsonaro participava de um culto na Igreja Atitude, no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio. Ele estava no estado por conta do casamento do filho, Eduardo Bolsonaro. O presidente chegou ao local por volta das 10h30, quando estavam em andamento concentrações em Brasília e Salvador, e só deixou o templo por volta das 14h30, horário de início dos atos em São Paulo, Rio e Belo Horizonte, entre outras regiões.
O presidente subiu no altar, junto à mulher, Michelle, e lançou críticas ao sistema político. ;Hoje é um dia em que o povo está indo às ruas. Não para defender um presidente, um político ou quem quer que seja. Está indo para defender o futuro desta nação;, disse Bolsonaro. ;Uma manifestação espontânea. Com uma pauta definida, com respeito às leis e às instituições, mas com o propósito de dar recado àqueles que teimam, com velhas práticas, não deixar que esse povo se liberte;, afirmou.
Oposição
As declarações repercutiram de forma imediata na oposição. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AL) afirmou que, embora as manifestações façam parte do sistema democrático, Bolsonaro deve ter ponderação em suas declarações públicas. ;Protesto faz parte da democracia. Sejam grandes, bastante expressivas ou não. Esses atos mobilizaram menos que o dia 15 de maio. Mas qualquer manifestação é legítima. Agora, temos um risco quando o presidente, no uso de suas atribuições, incentiva manifestações contra instituições democráticas. Contra o Centrão eu também sou. Mas apoiar manifestação para fechar o STF e o Congresso é um caminho perigoso;, disse.
As pautas mais reivindicadas foram a aprovação da reforma da Previdência, do pacote anticrime e a manutenção da estrutura administrativa definida pelo Executivo em janeiro. No entanto, manifestantes mais exaltados pediam o fechamento do Congresso Nacional, ação vedada pela Constituição, o impeachment dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), afastamento de deputados e a saída do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (Rede). Em Brasília, tiveram até mesmo manifestações contrárias ao vice-presidente Hamilton Mourão e em prol da ditadura militar.
Entre os apoiadores de Bolsonaro, a sensação foi de ganho de força política. A oposição de grupos tradicionais e políticos de direita ; como o Movimento Brasil Livre (MBL) e a deputada estadual Janaína Paschoal aos protestos ; levou ao temor de que o domingo fosse de ruas esvaziadas, o que não ocorreu. A deputada Bia Kicis (PSL-DF) participou da organização e do ato na Esplanada e se disse surpresa. ;Fui muito acima do que estava esperado. Estava lotado e o pessoal, muito animado, muito pacífico. Houve celebração em prol do ministro Paulo Guedes. Não foi um protesto, foi uma manifestação propositiva;, afirmou.
Ela minimizou os cartazes e os gritos que pediam o fechamento do Parlamento e o impeachment de ministros do STF. ;Isso sempre existiu. Essas pessoas estão exercendo seu direito de expressão;, completou.
O ministro da Justiça, Sérgio Moro, que tentou evitar entrar em debates políticos desde que assumiu o governo, publicou, no Twitter, mensagem de incentivo aos apoiadores do presidente. ;Festa da democracia. Povo manifestando-se em apoio ao presidente Bolsonaro, Nova Previdência e ao pacote anticrime. Sem pautas autoritárias. Povo na rua é democracia. Com povo e Congresso, avançaremos. Gratidão;, disse.
"Hoje é um dia em que o povo está indo às ruas. Não para defender um presidente, um político ou quem quer que seja. Está indo para defender o futuro desta nação;
Bolsonaro, presidente do Brasil