Agência Estado
postado em 28/05/2019 13:09
O ex-ministro Geddel Vieira Lima (governos Lula e Temer) e seu irmão, o ex-deputado Lúcio Vieira Lima (MDB), estão mais próximos de serem julgados pelo "bunker" dos R$ 51 milhões. Acusados de lavagem de dinheiro e associação criminosa, os irmãos emedebistas respondem pela ação no Supremo Tribunal Federal (STF). Na sexta-feira, 24, o ministro Edson Fachin, relator da ação, encaminhou os autos para o revisor, Celso de Mello.
Geddel, preso desde 8 de setembro de 2017, Lúcio, o empresário Luiz Fernando Machado Costa Filho e a mãe dos emedebistas, Marluce Vieira Lima, foram denunciados em dezembro de 2017, três meses após a deflagração da Operação Tesouro Perdido, que apreendeu, em 5 de setembro daquele ano, os R$ 51 milhões em dinheiro vivo - R$ 42,6 milhões e US$ 2,6 milhões - em um apartamento em Salvador, que fica a pouco mais de um quilômetro da casa da matriarca. No dinheiro, foram encontradas digitais de Geddel.
"A presente Ação Penal encontra-se em condições para julgamento", anotou Fachin. Após a análise do decano, o processo já poderá ser posto para julgamento, que ocorrerá na Segunda Turma do STF, que é composta também por Gilmar Mendes, Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski.
As alegações já foram entregues por todos os acusados. Geddel, Lúcio e o empresário Luiz Fernando Machado Costa Filho pediram para que sua inocência seja reconhecida.
Já o ex-assessor Job Ribeiro Brandão, que afirmou ter ajudado a contar o dinheiro atribuído aos emedebistas, pediu sua absolvição sob o argumento de que apenas cumpriu ordens de seus superiores.
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, reforçou, em alegações finais, o pedido de condenação dos irmãos e do empresário. A chefe do Ministério Público Federal requer a condenação de Geddel a 80 anos de prisão e 48 anos e seis meses para Lúcio, ex-deputado federal.
Na denúncia, Raquel Dodge sustenta que parte dos valores apreendidos é resultado de atos de corrupção identificados e investigados em outras frentes como as operações Lava Jato e Cui Bono? - já denunciados tanto ao STF quanto à primeira instância da Justiça Federal.
O Ministério Público Federal sustenta que "apenas no caso envolvendo a Caixa Econômica Federal, a participação de Geddel teria rendido pagamentos de propina de R$ 170 milhões a agentes públicos". "No caso do peculato, as investigações revelaram que até 80% dos salários pagos pela Câmara dos Deputados a Job Brandão ao longo de 28 anos eram repassados à família. O próprio assessor, que colaborou com as investigações, confirmou as irregularidades".
Raquel Dodge afirma que Job Ribeiro Brandão, hoje delator, "trabalhou como operador da lavagem de dinheiro" dos emedebistas e "recebeu e movimentou dinheiro vivo com o fim de ocultar sua origem e natureza". Na peça, a procuradora-geral pede perdão judicial para Job, levando em conta sua colaboração. Para Marluce Vieira Lima, o processo foi desmembrado à primeira instância.