postado em 30/05/2019 04:17
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, apresentou denúncia contra o senador Fernando Collor de Mello, ex-presidente da República, por peculato. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), o parlamentar usou de sua influência para que a BR Distribuidora firmasse contratos de R$ 240 milhões com a empresa Laginha Agro Industrial, do empresário João Lyra. O senador mantém relações profissionais, familiares e de amizade com o executivo.
Os fatos teriam ocorrido em 2010, quando Collor era candidato a governador de Alagoas e o empresário concorria a uma vaga de deputado federal. Os contratos não levaram em consideração que a empresa de Lyra estava em crise financeira, o que elevou o risco do negócio. Além disso, o Ministério Público afirma que a companhia era alvo de 6.914 protestos de dívidas, que juntos somavam R$ 72,7 milhões, e foi objeto de seis pedidos de falência entre 2008 e 2010. As investigações apontam que em 2010 houve uma reunião na sede da BR Distribuidora, no Rio de Janeiro. Na ocasião, Collor e o empresário falaram da necessidade da compra futura da safra de álcool, no valor de R$ 1 bilhão. No entanto, a negociação foi barrada por técnicos da empresa.
Então, ;o presidente da BR Distribuidora, que estava presente à reunião, assegurou ao senador que seria encontrada alternativa para o pedido, o que acabou sendo viabilizado por meio de três contratos, negociados e firmados em tempo recorde. O primeiro foi assinado em 9 de julho, apenas 10 dias após a reunião na sede da BR Distribuidora;, diz a denúncia.
De acordo com as diligências, José Zônis, então diretor de Operações Logísticas da estatal, foi o principal executor dos contratos firmados. Ele foi indicado ao cargo pelo ex-presidente. O senador está de licença há seis meses, e procurado, por meio de sua assessoria, não retornou as mensagens.