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Guedes acena com liberação do FGTS

Diante da estagnação da economia, ministro estuda permitir saques do Fundo e do PIS/Pasep, tanto de contas ativas quanto inativas, mas após aprovação das reformas

postado em 31/05/2019 04:04
Medidas avaliadas agora pelo governo já foram adotadas na gestão anterior e mostraram ter efeitos limitados


Com os sinais de que o país poderá voltar para a recessão, o ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu que o governo federal estuda liberar aos trabalhadores recursos do PIS-Pasep e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). As medidas já foram tomadas pelo governo anterior e mostraram ter efeitos limitados, apesar de ajudar financeiramente as famílias. Para Guedes, a atividade econômica vai melhorar a partir do segundo semestre, caso o Congresso aprove a reforma da Previdência desejada.

Para estimular o consumo, o ministro destacou que pode haver a liberação, inclusive, das contas ativas do FGTS, diferentemente do que foi feito no governo de Michel Temer, quando os trabalhadores poderiam tirar recursos apenas das inativas. ;Vamos liberar PIS/Pasep, FGTS. Muito em breve, assim que saírem as reformas. O problema é que, se você abre essas torneiras sem as mudanças fundamentais, é o voo da galinha. É tudo agora, nas próximas três, quatro semanas;, disse.

Eleito com o discurso de que ia retomar o crescimento virtuoso, o presidente Jair Bolsonaro tem sido surpreendido com dados negativos na área econômica, inclusive com a alta do desemprego e o Produto Interno Bruto (PIB) negativo no primeiro trimestre do ano. Guedes defendeu o governo e argumentou que, em quatro meses incompletos, o Executivo tem ido na direção da agenda prometida pelo presidente em campanha.

Guedes também repetiu que as políticas econômicas expansionistas ; com aumento excessivo anual dos gastos ;, adotadas pelos governos anteriores, contribuíram para a estagnação do PIB. Na opinião dele, a retração econômica no início de mandato não é novidade. ;Nós sempre dissemos que a economia brasileira está estagnada. O modelo intervencionista derrubou a taxa de crescimento do Brasil. Nossa média de crescimento é de 0,6% nos últimos oito anos, ou seja, o país está estagnado à espera das reformas.;

Preocupação
O chefe da equipe econômica reconheceu, porém, que o atraso na aprovação da reforma da Previdência tem postergado investimentos, o que contribuiu para o desaquecimento do PIB. ;Como está demorando a implementação das reformas, as previsões foram revistas para baixo;, admitiu. A proposta de emenda à Constituição (PEC) n; 6, que trata da nova Previdência, foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas ainda precisa passar pela Comissão Especial e pelo plenário da Câmara antes de ir para o Senado.

Os dados são preocupantes. A última vez em que o PIB trimestral ficou negativo foi nos três últimos meses de 2016. Os índices de confiança tombaram no início deste ano, após as incertezas em relação às reformas. Para analistas, a economia corre o risco de ir para o buraco, caso a PEC da Previdência não seja aprovada com o impacto fiscal necessário para retomar o otimismo.

O economista-chefe da Ativa Investimentos, Carlos Thadeu de Freitas Gomes Filho, disse que a recuperação econômica do país é a pior da história, e o desempenho está muito aquém se comparado com a dos países emergentes. ;Leva a questionar se a taxa Selic atual é estimulante para o consumidor e investidor;, afirmou. Desde março de 2018, os juros estão em 6,5% ao ano, mas tanto o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, quanto Paulo Guedes defendem que a intenção do governo não é fazer com que a economia tenha um ;voo de galinha;.

;Faz uma liberaçãozinha aqui, baixa artificialmente os juros para reativar a economia. Aliás, foi assim que o último governo caiu. Caiu por irresponsabilidade fiscal, juros baixos, tentando estimular a economia. Nós não vamos fazer truques nem mágicas, vamos fazer as reformas sérias;, comentou Guedes.

;O problema é que, se você abre essas torneiras sem as mudanças fundamentais, é o voo da galinha;
Paulo Guedes, ministro da Economia


R$ 22 bilhões

Estimativa do valor que será injetado na economia com a eventual liberação do FGTS

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