;Aprovada a reforma, o Brasil muda para melhor;
Protagonista da convenção tucana realizada ontem em Brasília, o governador de São Paulo, João Doria, 62 anos, conseguiu a maior vitória política depois de conquistar a prefeitura da capital paulista, em 2016, e a chefia do governo estadual, no ano passado. O empresário, que entrou na vida pública ainda no início da década de 1980, emplacou o ex-deputado e ex-ministro Bruno Araújo como presidente do PSDB. A partir de agora, Doria vai ditar os rumos da legenda, que, por tabela, deve indicá-lo como candidato ao Palácio do Planalto em 2022. Ele, porém, evita tratar do assunto.
;É hora de governar. O governador de São Paulo vai governar o estado, e o presidente Jair Bolsonaro vai governar o Brasil;, disse Doria, em entrevista na sede do Correio na tarde de ontem. ;Qualquer discussão sobre sucessão é inadequada. É hora de colocar o Brasil na rota do crescimento a partir da aprovação da reforma da Previdência.; Apesar de cuidadoso, ele não se furtou de criticar, sem citar nomes, a turma mais próxima do presidente. ;O maior inimigo do governo Bolsonaro são os aliados de Bolsonaro, aqueles que produzem tanta confusão, tantos confrontos desnecessários;, afirmou, livrando os parlamentares do Centrão.
Segundo Doria, tais confusões retardam processos e provocam divisões. ;Afastam o governo do foco primordial, que é a reforma da Previdência, estabelecem uma pauta negativa que não é a verdadeira do presidente Bolsonaro, de uma relação distante e conflituosa com o Legislativo e com o Judiciário.; O tucano ressaltou que o chefe do Planalto não tem conflito com os presidentes do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli; da Câmara, Rodrigo Maia; e do Senado, Davi Alcolumbre. ;Mas o entorno é de uma capacidade de gerar adversidades que retardam processos e criam irritações desnecessárias.;
Na conversa, Doria também comentou sobre a dificuldade de crescimento econômico e de geração de emprego, lembrou das pautas posteriores à da Previdência, como a tributária e o pacote anticrime do juiz Sérgio Moro, e elogiou o ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, e o ex-presidente José Sarney. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.
O senhor foi aclamado na convenção do PSDB com ;Brasil para frente, Doria presidente;. Esse projeto está de pé?
Não é o momento de discutir candidaturas ou sucessão presidencial. É hora de governar. O governador de São Paulo vai governar o estado, e o presidente Jair Bolsonaro, o Brasil. É hora de todos darmos as mãos para podermos colocar o Brasil na rota do crescimento, sobretudo, a partir da aprovação da reforma da Previdência. Aí, sim, o Brasil pode retomar esse prumo do crescimento, da geração de renda. Agora, é inadequada e inoportuna qualquer discussão sobre sucessão presidencial.
Existia uma expectativa muito grande em relação ao governo Bolsonaro, mas o que está atrapalhando são episódios produzidos dentro do próprio governo. Na metáfora futebolística, a bola acaba marcando o jogador...
Usando a metáfora, o jogo principal é a reforma da Previdência. Então, fazer o foco na reforma da Previdência. Não temos de cuidar do jogo preliminar. O Brasil tem um grande jogo, neste momento, que é a reforma da Previdência. Aprovada, muda o Brasil, e muda para melhor. Em si, é justa e é boa. Equaliza a questão fiscal do país. Garante investimentos que o país precisa fazer em saúde, educação, segurança pública, habitação popular, infraestrutura e serviços. E abre as comportas para os investimentos internacionais. Porque a confiança da aprovação da reforma da Previdência se traduz na decisão dos investidores, principalmente internacionais, de investirem no Brasil. Os investimentos estão prontos para vir. Não estou nem supondo que eles virão. Estou afirmando que teremos investimentos em larga escala no Brasil já a partir do fim deste ano. No último quadrimestre ou trimestre, dependendo da data de aprovação. O mundo está líquido. Há liquidez em bancos, fundos, comércio, serviços. E o Brasil é uma ótima opção, desde que ofereça a confiabilidade de uma reforma previdenciária que garanta a estabilidade de um governo. Isso traz confiança ao investidor para fazer os investimentos ao longo dos quatro anos do governo Bolsonaro.
O senhor não se angustia com determinados aspectos do governo Bolsonaro? Filhos se metendo na política; ministros que, em determinados momentos, falam coisas completamente inapropriadas do ponto de vista político; um guru nos EUA que xinga todo mundo. Para o senhor, isso é tranquilo?
Não, não é tranquilo, mas temos de eleger a pauta principal. Ainda usando a analogia do futebol, temos de nos concentrar no jogo principal. O jogo que decide o campeonato é a reforma da Previdência. Então, temos que nos abster um pouco de focar atenção nos jogos preliminares, porque eles não decidem o campeonato.
Mas as turbulências acabam atrapalhando. Demora mais;
Reconheço que tratando de assuntos que não são essenciais, se deixa de ter foco no essencial. O ideal seria que esses problemas não ocorressem, sobretudo com a intensidade que ocorrem. Isso é fato. Mas, de novo, pauta no primordial, no essencial, que é a reforma da Previdência. Hoje (ontem), foi um bom discurso do Rodrigo Maia (democrata do Rio de Janeiro e presidente da Câmara dos Deputados) na convenção do PSDB. Outro bom discurso foi do Bruno Araújo (de Pernambuco, eleito presidente do PSDB), que, na semana que vem, vai propor o fechamento de questão.
Isso não resolve...
Mas contribui.
Há economistas ansiosos, pois esperavam mais velocidade e menos trapalhadas neste início de governo.
Nós temos de ter consciência que o Brasil não consegue fazer múltiplas tarefas simultaneamente. Ao menos, no Congresso, não consegue. Temos de ter foco, eu insisto, para que a reforma da Previdência possa ter o seu curso rápido e positivamente na Câmara e no Senado e seja aprovada até o fim de agosto. Com mais 90 dias, nós temos um norte para o Brasil. Um horizonte que, de escuridão, passa a ser de sol intenso para o país. Não estou falando de três anos de discussão e sim de 90 dias para que possa ser discutida, votada e aprovada. Nesse período, o Brasil pode suportar uma pauta dedicada à reforma da Previdência. E logo na sequência, as demais pautas. A reforma tributária é importante. E virá. Já foi iniciada a sua estruturação no Congresso, graças à iniciativa do presidente Rodrigo Maia. Há também a lei anticrime. Seja do ministro Moro (Sérgio Moro, da Justiça), seja do Alexandre de Moraes (ministro do Supremo Tribunal Federal), ou uma combinação de ambas. Também é um tema que pode prosperar no segundo semestre, sobretudo, setembro, outubro. E outros aspectos estruturais de desenvolvimento econômico. Faço uma ressalva aqui: no meio de confusões, se acaba não sobressaindo algumas iniciativas muito positivas. Há um ministério neste governo produzindo excelência de trabalho e de resultado, que é o Ministério de Infraestrutura, do ministro Tarcísio de Freitas. Excepcionalmente bem gerido, mas que sucumbe diante de situações, fatos, ocorrências, surpresas e outros. Acaba não sobressaindo um trabalho brilhante. O trabalho na área de desestatização que ele vem empreendendo no ministério é simplesmente brilhante. É a concepção moderna de um governo moderno.
Quem é o maior inimigo hoje do governo Bolsonaro?
O maior inimigo do governo Bolsonaro são os aliados de Bolsonaro. O maior adversário são os aliados que produzem tanta confusão, tantos confrontos desnecessários. Isso retarda processos; cria situações; provoca divisões; afasta o governo do seu foco primordial, que é a reforma da Previdência; estabelece uma pauta negativa, que não é a verdadeira do presidente Bolsonaro, de uma relação distante e conflituosa com o Legislativo e com o Judiciário. Ele não tem conflito com o ministro Dias Toffoli (presidente do STF), com o Rodrigo Maia, com o Davi Alcolumbre (presidente do Senado, democrata do Amapá). Mas o entorno é de uma capacidade de gerar adversidades que retarda processos e cria irritações desnecessárias.
Estamos falando de quem? Dos filhos?
Prefiro não mergulhar nesse tema. Entenda por aliados os aliados.
Alguém pode achar que é o Centrão;
Não, não. Os aliados mais próximos, que, a meu ver, deveriam ser mais solidários com o governo Bolsonaro, produzindo menos antagonismos, menos opiniões polêmicas. Sendo solidários com o presidente e com sua missão de governar o Brasil.
Ao insistir numa pauta que tira o foco da Previdência, o ministro Moro não atrapalha?
O ministro Moro é uma figura exemplar. Um brasileiro patriota e uma figura admirável. Tem conduzido muito bem sua pasta nas tarefas que lhe cabem na área de segurança pública e justiça. E trabalhando também com a modéstia e a visão de oportunidade. Ele sabe que a lei anticrime vai ser aprovada. E sabe que não será aprovada como ele propôs. Sabe também que, se insistir demasiadamente nessa pauta, tentando priorizá-la numa paralela à reforma da Previdência, vai acabar prejudicando a reforma da Previdência. E entende, como eu, que, neste momento, é a mais importante. Ao lado disso, vem produzindo excelentes resultados na área de segurança pública. São Paulo é um exemplo. Os programas que desenvolvemos, mesmo antes do início do governo, resultaram, no 34; dia de governo, na expulsão de 22 líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital), do Marcola (Marcos Camacho, líder da organização criminosa) e de outros 21. Na semana passada, mais três foram levados para prisões federais. Vocês nem souberam disso;
A gente soube, até porque parte dos detentos veio para o DF;
Aí não é um tema de São Paulo. É um tema federal. Só para dar um exemplo, também temos programas nas estradas e fronteiras com a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal, que são exemplares. Nunca se apreendeu tanta droga nas rodovias federais e nas divisas com São Paulo e nunca se apreendeu tanta carga roubada, veículos roubados e armas, como nestes cinco meses de governo. Isso é um conjunto da PF, do Exército brasileiro, da inteligência da PF com a Polícia Militar, Polícia Civil e inteligência das polícias de São Paulo. Citando o caso de São Paulo, mas deve haver outros, que demonstram a eficiência do ministro Moro no campo operativo do Ministério da Justiça e da Segurança Pública. É um ministério que vai bem.
Onde vai mal?
Prefiro falar do que vai bem.
O senhor vai cobrir nas universidades de São Paulo os recursos federais que foram cortados?
Os recursos das universidades são estaduais, vêm do orçamento, 1% do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). As universidades paulistas não têm recursos federais. Pode ser que alguns programas de pesquisa envolvam ação conjunta, mas não se anunciam cortes. Educação não é prioridade só de discurso. É prioridade de ação em São Paulo. Lá não tem corte nenhum em Educação: nem no ensino fundamental nem no ensino básico nem no infantil. Tampouco no ensino técnico, nós valorizamos muito o ensino técnico. É prioridade do nosso governo as ETecs (Escolas Técnicas) e Fatecs (Faculdades de Tecnologia). No plano das universidades, o recurso está garantido constitucionalmente. Está na Constituição do estado. O que temos orientado os reitores é que fiquem atentos, do ponto de vista do manejo dos seus orçamentos, porque, se a economia não se recuperar, isso pode afetar um pouco o total de arrecadação destinado para as universidades. Eles têm de ter cuidado, trabalhar com provisão e margem de reserva. É a boa gestão. De maneira geral, não tem tido nenhum tipo de dificuldade. Eles têm compreendido bem.
Como o senhor avalia a gestão federal da Educação?
Vamos pular essa pergunta. Prefiro falar das coisas boas.
Na campanha do segundo turno, o senhor participou e defendeu muito o presidente Bolsonaro. E alguns políticos começam a ver um certo distanciamento do senhor em relação a ele. Por quê?
Primeiro, campanha é um momento específico. Em campanha do segundo turno de eleições, tem duas opções, não tem a terceira. Pode ser votar em branco ou anular o voto, o que eu acho a pior opção numa democracia, embora seja legítima. Naquele momento de campanha, minha posição, que sempre foi notoriamente contra a esquerda, foi rápida e definitivamente de apoio ao governo Bolsonaro. Não poderia pensar em apoiar um governo de Fernando Haddad (PT), que eu mesmo venci nas eleições para prefeitura de São Paulo, com o Lula solto, fazendo campanha para ele. Não tinha o menor sentido eu apoiar uma campanha e mesmo um candidato ao governo de São Paulo apoiado pela esquerda. Lamentavelmente, foi meu antecessor, Márcio França, do Partido Socialista Brasileiro, notoriamente esquerdista. Tão esquerdista que convidou para chefe da Casa Civil um comunista, Aldo Rabelo, que, como pessoa é até afável no trato, mas do Partido Comunista Brasileiro. E angariou um arco apoio de MST, PSTU, PSol, PDT, PT, todos agregados à figura do Márcio França. Nossa opção, claramente, era estar em outra linha de atuação e apoiar o Bolsonaro, na medida em que ele foi para o segundo turno. Não fiz nenhuma manifestação no primeiro turno. Mas no dia em que ele foi anunciado para disputar o segundo turno, eu anunciei. Não fui perguntar para o partido se podia, se não podia. Nem fui fazer reunião.
Alguns integrantes do PSDB não gostaram muito...
Eu sou uma pessoa que toma decisões. E entendo que o PSDB também, a partir de agora, será um partido que vai derrubar muros. Isso foi dito no discurso do Bruno (Araújo). Acabou a era do muro. Não estou criticando. Talvez, ao longo de 30 anos, tenha sido uma prática do PSDB de integração, harmonizar, ouvir, pensar, dialogar, refletir, adiar... Hoje, o mundo mudou. A velocidade é digital. Não dá para levar três dias para redigir alguma coisa que pode redigir em três minutos.
O senhor fala que campanha é campanha e governo é governo. Qual é a sua análise agora?
A análise agora é que, tanto eu, como governador de São Paulo, quanto o meu partido não temos alinhamento com o governo Bolsonaro. Mas não deixaremos de apoiar nenhuma iniciativa que seja boa e importante para o país. Seja reforma da Previdência, seja tributária, sejam outras iniciativas, aliás, algumas até foram objeto de manifestações minhas. A medida que o Congresso liberou o capital estrangeiro nas companhias aéreas brasileiras. Francamente a favor. Lutei muito para a bancada do meu partido votar favoravelmente. A medida provisória do Saneamento caducou, mas virá um projeto de lei agora, na próxima semana, totalmente a favor. Não há ideologia nem partidarismo da nossa parte que vá nos impedir de apoiar boas medidas do governo Bolsonaro. Foi o que eu disse na convenção: antes de ser pessedebista, sou brasileiro; antes de envergar a camisa do PSDB, eu envergo e visto a camisa do Brasil.
A era do muro acabou no PSDB. A era das brigas, também?
As disputas são normais. Nós fizemos uma convenção que não teve nenhuma situação confusa, nenhuma agressão, nenhum xingamento. Tivemos um candidato único, jovem, inovador, com discurso inovador, pela mudança, pelo fim do muro e por um governo liberal. Em tese, deveria ter antagonismo e candidatos disputando. Seria perfeitamente plausível. E não houve.
Sempre foi assim. Não tinha disputa pela presidência do PSDB.
Mas também não tinha decisões. Convenhamos. Vai destilando, vai deixando, vai ficando... Ah, bom, então ficou alguém lá. Ninguém protestou, ficou esse.
Será que algumas figuras vão sair do partido?
As que tiverem visão ideológica mais à esquerda, não vejo razão de permanecerem no PSDB.
O senhor está falando de alguns nomes, como Fernando Henrique Cardoso?
Não, não. Fernando Henrique Cardoso é uma figura emblemática do PSDB. Uma das figuras mais respeitosas da política brasileira de todos os tempos. É um patrimônio político do país, não só do PSDB. Mas eu me refiro ao fato de que o PSDB, nesta nova etapa, será um partido de centro, focado na economia liberal, mas aceitando a pluralidade da vida dos costumes das pessoas. Um partido que vai se posicionar distante da extrema direita e da extrema esquerda, mas dialogando com a esquerda e com a direita. Não fará sentido ter movimento Esquerda para Valer dentro do PSDB. Mesma coisa que colocar direita para valer. É um equívoco. Tem um movimento Esquerda para Valer, e nossa posição é que eles saiam. Se não saírem, serão saídos.
O senhor disse, em certa ocasião, que quem está respondendo processo também deveria sair do partido. Como vai ficar essa questão no PSDB? Tem Aécio Neves, Beto Richa, Marconi Perillo.
O governador Alckmin entregou ao PSDB um código de ética. Não quero discorrer nem avaliar isso, mas o PSDB não pode ser um partido ao revés da ética e dos bons princípios. Não pode ser flexível em relação a isso. Por sua vez, não pode ser um tribunal. Eu entendo que o ideal é que as pessoas que estão sob investigação peçam licença do PSDB. Não precisa pedir desfiliação, que seria uma atitude extrema, como se tivesse admitindo culpa, mas pedir licença é prova de confiança na sua inocência. Feito isso, na volta, será recebido com reconhecimento e legitimidade. Essa é minha posição pessoal.
Aécio está de licença branca, uma vez que nem foi à convenção do partido?
Também entendo que não há licença branca nem vermelha. Só há uma licença, aquela que pessoas sob investigação deveriam pedir para se ausentar do PSDB para concluir suas defesas. Seriam gestos bem recebidos pelo partido, pelos militantes e pela opinião pública.
O ex-presidente José Sarney avaliou que os Três Poderes estão fraturados. Que avaliação o senhor faz?
Tenho muito respeito pelo presidente José Sarney. Ele tem sabedoria, consciência e visão política bastante atualizadas. Mas são fraturas superáveis. Não vão alijar ou limitar a mobilidade dos Poderes. São circunstanciais e podem ser superadas com a melhoria da relação, primeiro, entre os Poderes, depois, com a pacificação do país. Isso ajuda a dar mais serenidade e evitar confrontos intrapoderes.
É possível pacificar o país? Esse clima de campanha já não passou da hora?
Não é hora de campanha nem de exercer qualquer procedimento nesse sentido. O Brasil precisa de paz, harmonia, compreensão e diálogo. Seja intercorpos, seja entrecorpos. Não há possibilidade de fazer conquistas fazendo fissuras. Vamos dar um passo atrás, fazer um caminho de entendimento, não de repúdio. Eu fui contra as manifestações (pró-Bolsonaro) publicamente. Não me opus ao direito de as pessoas se manifestarem pacificamente, mas considerei inoportuno. Não há necessidade de fazer campanha nas ruas, sendo que acabamos de sair de uma campanha eleitoral na qual o presidente Bolsonaro foi eleito com quase 60 milhões de votos. Não precisa reafirmar isso nas ruas, sobretudo, estigmatizando o Judiciário e o Legislativo, colocando bonecos dos ministros e deputados. Isso não contribui para o clima que o Brasil precisa adotar para avançar. Não há mais nenhuma oportunidade para o confronto. O confronto destrói e o entendimento constrói.
Joice Hasselmann mira ser candidata à Prefeitura de São Paulo em 2020. Como o senhor vai fazer para administrar as pretensões dos seus aliados lá?
Primeiro, duas informações. Tenho enorme respeito pela Joice. Ela é minha amiga, amiga da minha esposa. Frequenta a nossa casa. Somos amigos antes da política. Meu candidato a prefeito se chama Bruno Covas em sucessão a ele mesmo. Em relação a Joice, ela tem muito tempo ainda pela frente. Ela é uma das cabeças de qualidade do Congresso Nacional. Com boa têmpera, capacidade interpretativa, aglutinadora. Gostaria que o Congresso e o partido dela, o PSL, tivessem mais Joices. Ajudaria o presidente a governar melhor e a pacificar o Brasil. Ela tem inteligência para saber que tudo tem sua hora. Agora, não é hora de campanha. E ela sabe disso.
;O maior inimigo do governo Bolsonaro são os aliados de Bolsonaro. O maior adversário são os aliados que produzem tanta confusão, tantos confrontos desnecessários;
;A análise agora é que, tanto eu quanto o meu partido não temos alinhamento com o governo Bolsonaro, mas não deixaremos de apoiar nenhuma iniciativa que seja importante para o país;
;Há um ministério neste governo produzindo excelência de trabalho e de resultado, que é o Ministério de Infraestrutura, do ministro Tarcísio de Freitas. Excepcionalmente bem gerido;
;Educação não é prioridade só de discurso. É prioridade de ação
em São Paulo. Lá não tem corte nenhum em Educação;
;Entendo que o PSDB, a partir de agora, será um partido que vai derrubar muros. Isso foi dito no discurso do Bruno (Araújo). Acabou a era do muro;