Jorge Vasconcellos
postado em 11/06/2019 19:23
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, afirmou nesta terça-feira (11/6), em seu perfil no Twitter, que é preciso blindar a Casa de qualquer crise e que o mais importante é o resgate da confiança dos investidores, o equilíbrio das contas públicas e a geração de emprego no País. Maia deu a declaração um dia após os partidos de oposição na Câmara (PT, Psol e PCdoB) anunciarem que vão obstruir todas as votações até que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, deixe o cargo. O ex-juiz federal está no centro de uma crise política desde que mensagens trocadas entre ele e o coordenador da força-tarefa da Lava Jato, o procurador da República Deltan Dallagnol, foram divulgadas no domingo pelo site The Intercept Brasil, junto com diálogos de outros membros do Ministério Público Federal (MPF) do Paraná.
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;Vamos blindar a Câmara de qualquer crise. Nosso esforço e nosso foco está na aprovação das reformas e de todos os projetos que são essenciais para o Brasil. Nada é mais importante do que o resgate da confiança, com o equilíbrio das contas públicas e a geração de empregos no País;, publicou Maia, em suas redes sociais, às vésperas da apresentação do relatório final da reforma da Previdência na comissão especial da Câmara, marcada para esta quinta-feira (13/6) pelo relator da matéria, deputado Samuel Moreira (PSDDB-SP).
No Congresso como um todo, o escândalo divide os parlamentares. De um lado, os que concordam com os termos da reportagem do The Intercept Brasil e acusam Moro de parcialidade por, supostamente, ter aconselhado Dallagnol à época em que era responsável pelos processos da Lava Jato na 13; Vara Federal de Curitiba. De outro lado, deputados e senadores que defendem uma investigação sobre a responsabilidade do vazamento das mensagens.
Em nota, a força-tarefa da Lava Jato afirmou que ;seus membros foram vítimas de ação criminosa de um hacker que praticou os mais graves ataques à atividade do Ministério Público, à vida privada e à segurança de seus integrantes;.
Apoiadores de Moro, os deputados Carlos Jordy (PSL/RJ) e Filipe Barros (PSL/PR) protocolaram, nesta terça-feira (11/6), requerimento pela criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a apurar a interceptação, a violação de sigilo e a divulgação das conversas. Conforme o requerimento, as mensagens foram expostas na imprensa com o intuito de denegrir a imagem do ministro Moro e do procurador Dallagnol.
[SAIBAMAIS];Importante ressaltar que o ataque não foi um roubo simples de dados, como ocorre com pessoas comuns. O ataque foi direcionado aos principais atores que investigam e processam as mais altas autoridades na Operação Lava-Jato;, diz o texto do documento. No final da tarde, os dois deputados estavam em plenário tentando obter as 171 assinaturas necessárias para a instalação da CPI.
Já os partidos de oposição, além de anunciarem a obstrução das votações na Câmara, aventaram a possibilidade de criação de uma CPI para investigar possíveis desvios de conduta de Moro, Dallagnol e de outros membros da força tarefa da Lava Jato.
No Senado, uma das repercussões do caso ocorreu na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Durante reunião do colegiado, alguns senadores afirmaram que os diálogos evidenciariam indevida coordenação de esforços na Operação Lava Jato. Outros consideram que é preciso investigar como ocorreram os vazamentos.
Para o senador Otto Alencar (PSD-BA), Moro não pode continuar no cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública. ;Na minha opinião, o ministro da Justiça não pode mais continuar ministro, a não ser que ele coloque, acima de tudo, a necessidade de ter um emprego e jogar por terra, como já jogou, toda sua história de magistrado, que nós todos pensávamos isento e imparcial, o que, pelas últimas informações e notícias dadas como corretas e sérias, não corresponde à realidade;, disse o parlamentar. ;Houve, claro, uma concordância, uma intenção de se orientar o Ministério Público na condução da denúncia para a prisão do ex-presidente Lula. Eu não tenho a menor dúvida disso ;, acrescentou.
Já o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) avalia que o vazamento indica que está em curso um ataque orquestrado contra a Operação Lava Jato. ;Uma organização criminosa, provavelmente contratada por alguém interessado em prejudicar investigações, está em ação no Brasil. Nós temos uma quadrilha fazendo monitoramento, infiltração e hackeamento de aparelhos smartphones, celulares de autoridades: ministros, juízes, desembargadores, procuradores da República e, quem sabe, senadores. Então, a gente não pode fechar os olhos para o que está acontecendo no Brasil: uma ação criminosa, orquestrada, que não é barata, que não é simples, e que está atacando fortemente o sistema de Justiça brasileiro;, declarou.