O ministro Luís Roberto Barroso criticou alvos de investigações sobre corrupção pela “euforia” com a divulgação de diálogos entre o então juiz Sérgio Moro e integrantes da força-tarefa da Lava-Jato. Ele evitou críticas a Moro ou aos procuradores.
“A corrupção existiu e precisa continuar a ser enfrentada, como vinha sendo. De modo que tenho dificuldade em entender a euforia que tomou os corruptos e seus parceiros”, declarou, em entrevista à Globonews.
Barroso destacou as ações de corrupção que foram desmontadas pelas investigações da Lava-Jato e os recursos recuperados para os cofres públicos. “Porque todo mundo sabe, no caso da Lava-Jato, que as diretorias da Petrobras foram loteadas entre partidos com metas percentuais de desvios. Fato demonstrado, tem confissão, devolução de dinheiro, balanço da Petrobras, tem acordo que a Petrobras teve que fazer nos EUA”, completou.
Em sessão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, também ontem, o ministro Gilmar Mendes não poupou Moro.
Gilmar citou o caso da senadora Gleisi Hoffmann, que teve uma denúncia recusada no Supremo por falta de provas. “Recebeu-se a denúncia e se viu que as provas eram as mesmas e que eram imprestáveis para condenação, pelo menos enquanto se tratar de Corte de Justiça. A não ser que haja tribunais destinados a condenar nesse modelo de colaboração que se está a desenvolver, em que juiz chefia procurador”, disse. Ele se referiu aos trechos das conversas em que Moro cobra a realização de fases da Lava-Jato e orienta Dallagnol. “Não é o caso desta Corte, não é o caso deste colegiado. Juiz não pode ser chefe de força-tarefa”, ressaltou.
O ministro também afirmou que, mesmo que tenham origem ilícita, as provas podem ser usadas no processo, a depender de cada caso. No entanto, em nota, o MPF no Paraná afirma que os celulares de Moro, Dallagnol e dos demais foram invadidos por um hacker. “Não necessariamente (anula), porque se amanhã (alguém) tiver sido alvo de uma condenação, por exemplo, por assassinato, e aí se descobrir por uma prova ilegal que ela não é autora do crime, se diz que em geral essa prova é válida”, destacou Gilmar.
Da mesma forma, o ministro Marco Aurélio Mello afirmou que é possível que os diálogos sejam usados para anular decisões. Ele acredita que o caso pode ir parar no Supremo e comentou sobre a situação do ministro. “Coitado do juiz Moro. O presidente o colocou numa sabatina permanente quando anunciou que houvera um acordo para ele deixar uma cadeira efetiva (cargo de juiz) para vir para a Esplanada e ser auxiliar dele, presidente da República, colocando-o na vitrine. E aí quem está na vitrine, o estilingue funciona”, declarou.