postado em 14/06/2019 04:16
O ministro Marco Aurélio Melo, do Supremo Tribunal Federal (STF), voltou a criticar o ministro da Justiça, Sérgio Moro, e disse que o ex-juiz federal não é vocacionado para a magistratura. Ao chegar ontem para a sessão da Corte, Marco Aurélio também ironizou as mensagens trocadas entre Moro e o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava-Jato, divulgadas pelo site The Intercept. À época dos diálogos, o atual ministro da Justiça era o titular da 13; Vara Federal de Curitiba. ;Não tenho nada a esconder e não mantenho diálogos fora do processo com as partes;, disse o ministro do STF ao ser indagado por jornalistas se temia ser alvo da ação de hackers.
Desde o último domingo, o The Intercept tem publicado diálogos entre Moro e Dallagnol. As mensagens têm sido interpretadas como orientações do ex-juiz ao procurador, o que é vedado pelo Código do Processo Penal.
Marco Aurélio, um dos mais críticos a Moro dentro da Corte, ao lado do colega Gilmar Mendes, disse que as revelações sobre os diálogos entre os membros da operação Lava-Jato ;enxovalharam; o perfil do atual ministro da Justiça. ;Antes desse problema todo (vazamento de diálogos), que enxovalhou o perfil dele (Moro), eu disse, lá atrás, que ele não era vocacionado ao cargo de juiz. Mantenho [a convicção];, declarou o ministro do STF, acrescentando que Moro ;virou as costas à cadeira; de juiz, em referência ao momento em que ele pediu exoneração da magistratura para assumir o Ministério da Justiça.
;Se fosse de família muito rica, eu admitiria que ele deixasse a cadeira para ter ócio com dignidade, mas não é;, afirmou Marco Aurélio, que disse também não saber as consequências dos vazamentos para os processos relacionados ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso por corrupção e lavagem de dinheiro na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. ;Não sei a consequência, porque o fato consumado no Brasil, e me refiro à condenação que já existe, tem uma força muito grande;, disse Marco Aurélio.
Nesta semana, a PF abriu investigação para apurar várias denúncias de invasão cibernética a dispositivos eletrônicos de juízes e membros do Ministério Público Federal (MPF). Em nota divulgada na quarta-feira, a Lava-Jato afirmou que a ocorrência de novos ataques levantava a suspeita de que as conversas já vazadas podem ter sido forjadas por hackers.