postado em 15/06/2019 04:17
No café da manhã, ontem, com jornalistas, o presidente Jair Bolsonaro anunciou que vai demitir o presidente dos Correios, general Juarez Cunha. ;Ele foi à Câmara e se comportou como sindicalista, tirando até fotos com deputados do PT e do PSol;, justificou, numa referência à visita de Cunha ao Congresso, quando fez críticas ao processo de privatização da empresa. A decisão do chefe do Planalto foi encarada por analistas como um ato meramente político, que não resolverá os problemas da empresa.
Para o economista Cesar Bergo, sócio-consultor da Corretora OpenInvest, embora a privatização seja um caminho natural para os Correios, é preciso cautela e muito estudo. ;A demissão do general foi somente pelo não alinhamento à política de governo, mas a privatização tem de ser detalhadamente discutida. Os Correios chegam a áreas estratégicas, onde nenhum outro órgão do Estado está;, afirmou. Ele avaliou que a empresa precisa de gestão eficiente, para que cresça, se capitalize e enfrente a concorrência internacional, porém, diante da crise fiscal do país, não há recursos para resgatar a estatal. ;O dilema pode ser solucionado se o governo estiver disposto a abrir mão do que acarreta custo e manter o que não interessa à iniciativa privada.
O especialista em finanças públicas Gil Castello Branco, secretário-geral da Associação Contas Abertas, concordou que ;a solução tem que ser muito bem pensada;. Os Correios, lembrou, têm apenas 8% das agências superavitárias. Segundo ele, até 2016, a empresa deu prejuízo da ordem de R$ 2 bilhões anuais, e teve problemas com o plano de saúde dos funcionários e com o Postalis (plano de previdência da categoria), que está quebrado e com vários gestores acusados de corrupção. ;Na mudança de gestão, o general e o astronauta Marcos Pontes (ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações) apoiaram publicamente a ideia dos funcionários de não privatizar, mas só Juarez Cunha foi dispensado, porque o governo se ofendeu com uma foto. Isso não é bom nem para o país nem para a empresa;, disse Castello Branco.
Por meio de nota, a assessoria dos Correios informou que não vai se pronunciar sobre a demissão do presidente, ;pois não foi comunicada oficialmente;. Ressaltou, ainda, que a empresa tem 105 mil funcionários e que está dando lucro. ;Há dois anos, tem balanço econômico-financeiro positivo. Em 2017, o lucro foi de R$ 667 milhões, e em 2018, de R$ 161 milhões;, destacou.