Politica

Bolsonaro troca o comando dos Correios de olho na privatização da empresa

Bolsonaro admitiu, no entanto, que não há um prazo estipulado para a privatização

Hamilton Ferrari, Ingrid Soares
postado em 22/06/2019 07:00
Correios acumulam prejuízos e deficit tecnológico, entre outros problemasA privatização dos Correios voltou ao debate nesta semana. O presidente Jair Bolsonaro anunciou, nesta sexta-feira (21/6), que o general Floriano Peixoto deixou o cargo de ministro da Secretaria-Geral da Presidência e assumirá a empresa na próxima semana, cumprindo a missão de tocar a venda da estatal.

Bolsonaro admitiu, no entanto, que não há um prazo estipulado para a privatização. ;Não depende da gente, depende do Congresso. Está no radar, mas o trabalho de Peixoto é recuperar os Correios. Tentaremos suprir o que foi retirado dos funcionários nas péssimas administrações passadas;, disse.

O general Floriano Peixoto, por sua vez, evitou falar em privatização e ressaltou que trabalhará para resgatar a ;credibilidade; e fortalecer os indicadores financeiros dos Correios. ;Como isso acontecerá, cabe ao presidente da República. Minha missão é continuar a desenvolver a empresa.; Ele assume o posto no lugar do também general Juarez Aparecido de Paula Cunha, demitido em público por Bolsonaro na semana passada.

A privatização está nos planos do governo para o enxugamento da máquina pública. Os Correios vêm acumulando prejuízos, além do deficit no avanço da tecnologia das comunicações. Há problemas também no fundo de pensão da empresa, o Postalis, alvo de um processo que apura corrupção. Nesta sexta-feira (21/6), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) condenou ex-dirigentes, operadores financeiros e um banco a pagar multas de mais de R$ 120 milhões pela realização de operação fraudulenta no mercado, além da proibição de atuarem no mercado de capitais por cinco anos e oito meses. Segundo a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), entre 2012 e 2017, foram aplicados ao Postalis 43 autos de infração. Na Petros (Petrobras) foram 28; na Funcef (Caixa), 13; no Previ (Banco do Brasil), três.

Para Ilan Arbetnan, analista financeiro da Ativa Investimentos, o governo tem priorizado a diminuição da participação nessas firmas.;Há um foco no desinvestimento. Temos visto isso na Eletrobras e na Petrobras. Na semana passada, por exemplo, houve uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que deu liberdade para a Petrobras decidir sobre a venda de ativos;, afirmou. ;Os Correios necessitam de uma reviravolta, pois sabemos que não estão nos melhores dias, tanto na questão operacional quanto na logística.;

Arbetnan disse ainda que vê de maneira positiva a ideia de privatização, mas frisou ser necessária cautela. ;É positivo, mas é bom ter calma porque o próprio Floriano não falou sobre privatização. O excesso de trocas de presidente gera desconfiança. Mas o mercado financeiro vê com bons olhos uma governança corporativa mais forte por ente interno privado;, destacou. ;Como o presidente é novo, leva tempo até ele se adequar. No entanto, a ventilação da possibilidade de privatização e o fato de o governo ter tomado ações críveis e concretas servem como sinalização positiva para o mercado.;

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