postado em 25/06/2019 04:14
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), recebeu, ontem, na residência oficial da Presidência da Casa, representantes das polícias Civil, Federal e Rodoviária Federal para discutir a isonomia da aposentadoria das categorias em relação aos policiais militares e aos oficiais das Forças Armadas.
O sentimento entre policiais federais e civis é de desprestígio com o governo. Hoje, os policiais se aposentam sem idade mínima e com contribuição de 30 anos para homens, com 20 de exercício, e 25 para mulheres, com 15 de exercício. Antes do envio da reforma da Previdência para a Câmara, as categorias buscaram o então secretário executivo da Casa Civil, Abraham Weintraub, atual ministro da Educação, e ouviram dele que as aposentadorias dos agentes das forças auxiliares de segurança pública seriam tratadas em um texto à parte da proposta de emenda à Constituição (PEC) 6/2019.
O governo, no entanto, descumpriu a promessa. A reforma da Previdência prevê 55 anos de idade mínima para ambos os sexos e 25 anos de contribuição, no caso das mulheres, e 30 anos, para homens. Além disso, estabelece 15 anos de exercício em cargo para mulheres e 20 anos, para homens. Mais recentemente, em reunião com policiais federais, Bolsonaro ordenou às lideranças do governo no Congresso e aos ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni; e da Economia, Paulo Guedes, que atendessem ao pleito dos policiais e negociassem a isonomia das aposentadorias com os militares. Nada ocorreu.
Cálculos feitos por essas classes apontam que o atendimento da demanda delas fará com que o governo deixe de economizar R$ 2 bilhões em 10 anos. Elas justificavam que é um preço pequeno a se pagar para evitar o sucateamento humano das polícias.
As contas serão testadas por economistas ligados a Maia e, batendo os números, a propensão do demista é encampar a emenda 41, do deputado Luis Miranda (DEM-DF), responsável por ter levado, ontem, os policiais ao presidente da Câmara. O dispositivo mantém as regras atuais. ;Grande parte está tachando o governo de traidor;, admitiu o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Luís Boudens.
O presidente da Câmara, basicamente, cedeu à presão das categorias policiais e foi elogiado pela postura. ;Maia mostrou hoje (ontem) uma sensibilidade que o governo não demonstrou. O sentimento em relação ao governo, eleito com a pauta da segurança pública, é de desprestígio e traição com quem o apoiou. Vemos um governo preocupado em apresentar pautas de aumento da punição, mas se esquece do lado humano;, criticou Rafael Sampaio, presidente das Associações Nacionais dos Delegados de Polícia Judiciária (ADPJ). (RC)