Ingrid Soares
postado em 25/06/2019 15:49
O jornalista Glenn Greenwald, fundador do The Intercept Brasil, participa de uma audiência, na tarde desta terça-feira (25/6), na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.
A discussão é sobre as reportagens que o jornalista vem publicando desde o último dia 9, sobre conversas do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro com o Ministério Público, enquanto ele ainda atuava como juiz da força-tarefa da Lava-Jato.
O requerimento foi feito pelos deputados Camilo Capiberibe (PSB-AP), Carlos Veras (PT-PE), Márcio Jerry (PC do B-MA) e Túlio Gadelha (PDT-PE). No documento apresentado à Casa, os parlamentares afirmam que ;os direitos dos cidadãos objeto da Operação Lava-Jato, particularmente do cidadão Luiz Inácio Lula da Silva, foram violados sistematicamente; e que as reportagens publicadas pelo jornalista ;jogam dúvidas contundentes sobre a imparcialidade na atuação do Juiz Sergio Moro;.
Greenwald agradeceu pela oportunidade da discussão e falou sobre a importância da democracia em uma imprensa livre.
"Nas últimas semanas, políticos vem falando coisas falsas para me atacar e essa é uma oportunidade para esclarecer. Estou desapontado porque os partidos ficam fazendo acusações falsas sobre mim, queria discutir essas acusações cada a cara com eles, mas é muito mais fácil para eles fazer isso a partir de um computador. Tem muitas pessoas querendo criar a percepção de que cheguei há dois dias atrás, como estrangeiro. A realidade é contrária. O Brasil é meu lar de 2005", afirmou.
O jornalista contou que trabalhava no jornal "The Guardian" e deixou o cargo para criar o "The Intercept", visando o jornalismo independente. "Em 2016, decidimos criar o The Intercept Brasil, composto por editores e jornalistas brasileiros. Nas últimas semanas, eles têm tentado desacreditar nossa reportagem. Isso não é só falso, como injusto. Eu não sou o dono, não sou um sócio, não recebemos lucro, estamos apoiados por Ong. Essas reportagens não estão sendo feitas não por um jornalista casado com um deputado do Psol, mas por um time de jornalistas brasileiros".
Ele afirma que, ao começar a ler o material recebido pela fonte, ficou ;chocado; com o conteúdo. "Como advogado constitucional formado nos Eua, vendo um juiz colaborando não às vezes, não em casos isolados, mas o tempo todo.
Nos Eua é impensável que um juiz faça isso, perderia o cargo.É impensável que um juiz se comportasse assim, em qualquer caso. Me consultei com juristas e advogados, para entender se eles entendiam como eu. Todos os especialistas e advogados que olharam o material reagiram do mesmo modo como eu. Não só chocados, mas indignados sobre como esse material mostrava um abuso do poder".
Ele confirmou ainda a integridade do material recebido. "Passamos pelas mãos de vários jornalistas. Todos eles concluíram que os documentos são autênticos. Moro e Dalagnol sabem disso. Se dizem o contrário, é para criar dúvidas e distrair", apontou.