postado em 26/06/2019 04:14
O jornalista Glenn Greenwald, editor do site The Intercept Brasil, afirmou ontem que pretende divulgar os áudios das conversas atribuídas ao ministro da Justiça, Sérgio Moro, e procuradores da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, ;quando todo o material estiver publicado;. A afirmação foi feita em resposta à deputada Carla Zambelli (PSL-SP), que o desafiou, durante audiência, ontem, na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, a mostrar provas sobre a autenticidade das mensagens publicadas pelo site. Greenwsald afirmou que não tem que entregar materiais para a perícia e que áudios serão divulgados em hora oportuna.
A parlamentar foi uma das poucas representantes da base do governo a falar na reunião, uma vez que a bancada governista tentou esvaziar a sessão ao não se inscrever para falar. Com isso, a oposição aproveitou a presença de Greenwald, para pedir a demissão do ministro da Justiça, Sergio Moro, e defender a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso por ele quando era juiz da Lava-Jato. A cada cinco deputados da oposição que usaram o microfone para criticar os conteúdos dos diálogos, apenas um da base governista defendeu Moro.
O requerimento para que o jornalista depusesse na comissão foi feito a pedido dos deputados Camilo Capiberibe (PSB-AP), Carlos Veras (PT-PE), Márcio Jerry (PC do B-MA) e Túlio Gadelha (PDT-PE). No documento apresentado à Casa, os parlamentares afirmam que ;os direitos dos cidadãos objeto da Operação Lava-Jato, particularmente do cidadão Luiz Inácio Lula da Silva, foram violados sistematicamente; e que as reportagens publicadas pelo jornalista ;jogam dúvidas contundentes sobre a imparcialidade na atuação do Juiz Sergio Moro;.
Com a ausência da bancada pró-Moro, Glenn foi mais elogiado do que questionado. Os petistas, na maioria das vezes, tentaram usar a revelação como justificativa para o pedido de liberdade de Lula. Ontem, a Segunda Turma do Supremo negou o pedido de liberdade do ex-presidente. ;O juiz Moro violou o ordenamento jurídico brasileiro, violou a Constituição Federal e comandou uma operação política que tinha como objetivo de chegar ao poder;, disse o líder do PT, José Guimarães (CE).
Crime
A deputada Policial Katia Sastre (PL-SP) acusou o petista de atuar politicamente. ;Quem deveria ser julgado e sair daqui preso pelo crime teria que ser o jornalista que cometeu um crime com o hacker;, afirmou a deputada. O The Intercept sustenta que recebeu o material de fonte anônima. A Polícia Federal investiga um ataque de hacker aos telefones de Moro e de procuradores.
Greenwald reconheceu que Moro fez boas ações enquanto juiz, mas criticou o modo de agir do ministro. Para ele, os diálogos mostrariam que Moro era o chefe da Lava-Jato. ;Elogio o trabalho da Lava-Jato. Sou a favor da luta contra a corrupção, mas isso não significa que tem o direito de quebrar a lei e o código de ética. Os fins não justificam os meios;, disse.