Politica

Estabilidade permitiu ao BC avançar

postado em 02/07/2019 04:19
João Manoel Pinho de Mello:

A estabilidade do real permitiu ao Banco Central avançar numa agenda de eficiência e modernização do Sistema Financeiro Nacional (SFN). A afirmação foi feita, ontem, pelo diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do Banco Central (BC), João Manoel Pinho de Mello, no painel O Brasil do futuro: um mundo novo a ser explorado, tecnologias e dinheiro, durante o Correio Debate: 25 anos do real. Segundo ele, ao olhar para o futuro, o papel da autoridade monetária é ter proatividade para que os novos modelos de negócio se adaptem rapidamente, garantindo segurança, mas sem inibir a inovação.

Pinho de Mello explicou que, entre as missões do BC estão ;assegurar a estabilidade da moeda com cumprimento de meta da inflação e garantir um sistema financeiro sólido e eficiente;. ;A primeira missão, é o motivo da comemoração dos 25 anos do real. A despeito de discordâncias é notável o que nós conseguimos fazer no que se refere à estabilização monetária;, afirmou.

Sobre o segundo quesito, Pinho de Mello garantiu que o Brasil tem um sistema sólido. ;Nós tivemos uma recessão, com uma perda do PIB (Produto Interno Bruto) per capita de mais de oito pontos percentuais, que não foi causada nem teve como consequência uma crise bancária, o que é algo bastante notável;, justificou. Segundo ele, não há como negar o êxito nos dois quesitos. Contudo, a segunda missão é desdobrada em duas: além de sólido, o sistema tem que ser eficiente. E é aí que entra a nova agenda do BC.



;Nós construímos um sistema sólido. Agora, é preciso centrar esforços na conclusão de um sistema financeiro ainda mais eficiente. É sinal de maturidade da sociedade brasileira e do governo que o debate hoje esteja mais focado em temas como juros, spread bancário, fintechs, intermediação financeira e mudanças regulatórias. Isso significa que nós resolvemos boa parte da agenda para dar espaço à próxima;, assinalou.

Ex-diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo Luiz Mendes lembrou que a instituição já conseguiu, por meio de ações regulatórias, ampliar o sistema financeiro com a normatização de novos métodos de pagamento. ;Nós trouxemos para o sistema financeiro uma boa parte da população que antes só fazia transações com dinheiro. Hoje, a sociedade não precisa necessariamente ter uma conta nos bancos tradicionais;, frisou. ;Basta um cadastro em instituições de pagamento virtuais. Isso universalizou o uso de instrumentos como cartão de crédito e débito.;



Novas tecnologias


O desafio do BC para os próximos anos, de acordo com Mendes, está na elaboração de um sistema de pagamentos instantâneos, em que qualquer pessoa possa fazer transferências por meio do celular, sem a necessidade de aplicativos e com cobranças de tarifas mais amenas.

Para o gerente executivo da Fundação Getulio Vargas, Carlos Augusto Costa, a tendência é de que as novas tecnologias no mundo financeiro aumentem ainda mais os gastos da população. ;Se tivermos a mesma quantidade de dinheiro em espécie e em um cartão, os gastos do cartão serão muito maiores, pois a população sabe que só terá de pagar mais adiante;, contou.

Ele frisou, no entanto, que as inovações terão de se adaptar aos costumes dos consumidores. ;Adoramos novidades, mas gostamos da familiaridade. Se a tecnologia não se transformar em algo que eu fique confortável, eu vou esquecer;, opinou.

De acordo com Costa, as transformações devem impactar diretamente o mercado de emprego. ;Passamos por mudanças pessoais e no mundo moderno. A internet alterou tudo, e novas tecnologias surgiram, como a inteligência artificial;, afirmou. Isso faz com que as pessoas se preocupem com a existência de empregos no futuro, portanto, é preciso pensar em como contribuir para que esse cidadão seja educado para entender as novas tecnologias e saibam lidar com um ambiente mais competitivo e mais exigente.;

* Estagiárias sob supervisão de Cida Barbosa

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