postado em 06/07/2019 04:19
O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, estão em sintonia fina. Sob ataque desde que site o acusou de ter orientado ilegalmente ações na Operação Lava-Jato quando ainda era juiz, Moro voltou a ser alvo de reportagem. Desta vez, da revista Veja. Mas o ministro continua blindado pelo chefe do Executivo federal, que disse, ontem, que caberá ao povo ;julgar;. Em evento da XP Investimentos, Moro devolveu a confiança ao declarar que Bolsonaro será o candidato do governo nas eleições de 2022.
Os gestos são importantes para o governo. Depois de sabatinas de Moro no Congresso, o ministro despontou entre os parlamentares como principal concorrente de Bolsonaro às eleições. Ao sinalizar que não será ele o candidato, o Executivo se fortalece. ;O candidato do governo vai ser o presidente. Então, não tem sentido (falar sobre a própria candidatura à Presidência);, declarou, em resposta a questionamento se ele cogita disputar o pleito.
O mesmo gesto é simbolicamente importante quando Bolsonaro sai em defesa do ministro. O capitão reformado disse que irá amanhã, ao Rio de Janeiro, para assistir à final da Copa América entre as seleções do Brasil e Peru. Na ocasião, estará com Moro. ;Se a segurança permitir ir eu e Sérgio Moro ao gramado, o povo vai dizer se nós estamos certos ou não;, destacou.
A nova edição da revista Veja informa, em uma parceria com o site The Intercept, que Moro atuou com parcialidade no julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao dizer que Bolsonaro irá ao gramado e sugerir que os torcedores presentes os avaliem, o presidente tenta blindar o ministro das investidas que continuará sofrendo no Congresso por parte da oposição. As recentes reportagens apontam que o ministro da Justiça teria pedido à acusação a inclusão de provas nos processos que chegariam depois às suas mãos e fez até pressão para que determinadas delações, como a de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara. As suspeitas foram negadas ontem por Moro, em nota publicada pela pasta.
Para proteger Moro, o presidente retomou a retórica sobre a situação de Adélio Bispo, responsável pelo atentado contra ele. ;Falam tanto na questão do Moro, telefone etc, e cadê o caso do Adélio? Não vão dar nenhuma força para o caso? Os telefones estão guardados. A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) entrou com ação impedindo que se entre no telefone celular de alguns. Pois se entrar, vão saber quem foi o mandante da tentativa de homicídio da minha parte;, disse Bolsonaro. (RC)