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No começo da Lava-Jato, STF ''tolerou exageros'', diz Nelson Jobim

O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) deu entrevista ao portal Uol, e comentou sobre as mensagens vazadas do ministro Sérgio Moro

postado em 08/07/2019 14:01

O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) deu entrevista ao portal Uol, e comentou sobre as mensagens vazadas do ministro Sérgio Moro

O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Nelson Jobim afirmou que a Suprema Corte tolerou "exageros" da Lava-Jato. Em entrevista ao portal Uol nesta segunda-feira (8/7), Jobim disse acreditar que a Corte, no início, foi leniente com a operação.

"Ou seja, tolerou os exageros, os abusos que foram cometidos e agora estão ficando muito claros com essa história do Intercept. Houve casos de erros crassos, que depois acabaram se resolvendo. Agora, o tribunal está começando a ter uma posição, digamos mais garantista", disse Jobim ao portal.

Sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Jobim acredita que "os processos são controversos em termos de provas". "Agora tem esses processos todos e essa decisão que tem que ser tomada pelo Supremo Tibunal Federal no segundo semestre, quer em relação ao habeas corpus, quer em relação ao problema da prisão em segunda instância ou prisão em trânsito em julgado. É possível que ele [Lula] venha a ser beneficiado com isso", afirmou.

Com o vazamento das mensagens do ministro da Justiça, Sérgio Moro, e de outros procuradores da Lava-Jato, pelo The Intercept, Jobim acredita que Moro teve uma conduta inadequada durante os processos. "Em hipótese alguma, poderia um juiz de direito ter contados com o Ministério Público ou mesmo com a defesa para orientar procedimentos", disse.

Para o magistrado, as reportagens do The Intercept ratificam a suspeita de que havia uma interação entre as partes, o que a defesa de Lula já afirmava. Ao mesmo tempo, ele acha difícil que as mensagens reveladas resultem na anulidade do processo. De acordo com Jobim, as mensagens trarão uma mudança de conduta. "Vai levar a um posicionamento das autoridades públicas, principalmente desse pessoal ligado à Lava-Jato no sentido de ter uma contenção de conduta", completou.

Indicado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Jobim ficou nove anos no STF.

Governo Bolsonaro

O ex-presidente do STF também foi questionado sobre o atual governo do presidente Jair Bolsonaro ; o que ele considera faltar "rumo". "Creio que a reforma da Previdência acaba sendo aprovada, mas o problema é que ela é uma solução de longo prazo", disse.

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