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Governo aposta na aprovação ainda hoje

Plano é votar o texto principal da reforma da Previdência no plenário da Câmara e deixar os destaques para amanhã. O segundo turno, segundo os mais otimistas, começaria ainda nesta semana. Segundo o Planalto, há número suficiente de votos

postado em 09/07/2019 04:03
Pelos cálculos de governistas, como Joice Hasselmann, número de votos deve chegar a pouco mais de 340

A reforma da Previdência começará a ser votada no plenário da Câmara, segundo cronograma apresentado por integrantes do governo federal. Os líderes trabalham para que a votação do texto-base seja concluída ainda hoje, mas ainda buscam consenso para que os partidos apoiadores não apresentem destaques no texto, que deverão ser votados amanhã na Casa Legislativa. O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que já há o número suficiente de parlamentares para aprovar as mudanças na legislação.

São necessários, pelo menos, 308 votos favoráveis, em dois turnos. O governo quer cessar a discussão na Câmara até sexta-feira, para que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) vá para o Senado antes do recesso parlamentar, que se inicia no próximo dia 18. ;Vai ser uma vitória extraordinária para o nosso país, que vai poder se apresentar para o mundo, se Deus quiser, com a PEC votada no primeiro turno;, afirmou o ministro da Casa Civil.

Ontem, durante a tarde, Onyx Lorenzoni, o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, e líderes partidários se reuniram com o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), para discutir as últimas tratativas em torno da reforma da Previdência. No entender dos líderes das legendas, o PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, é o principal gerador de impasse em torno da proposta. Há um receio dos partidos de que os deputados da sigla governista votem para amenizar as regras de aposentadoria para policiais federais e rodoviários.

Líder do PSL na Câmara, o deputado Delegado Waldir defendeu que o partido não joga contra a reforma e o governo, como se tem dito, e justificou que a sigla não apresentou destaques na comissão especial. Apesar disso, com grande número de parlamentares ligados à segurança pública, é possível que deputados governistas votem com proposições de outras siglas, como a que flexibiliza as regras para aposentadorias desstas categorias.

A líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), disse, porém, que ainda não há um consenso. ;Havia muita apreensão de que o PSL apresentasse algum destaque. Conversamos com o líder, com o presidente e com a bancada para que o partido do presidente não apresente nenhum destaque, justamente porque os outros partidos se sentirão descompromissados em relação à apresentação de proposições;, disse. ;Até 9h (de hoje) haverá esse consenso;, acrescentou a líder. Para não correr riscos de derrota, Rodrigo Maia disse esperar uma presença de mais de 490 deputados, dos 513.

Hasselmann prevê que a reforma da Previdência deve ser aprovada em dois turnos na Câmara até esta quinta-feira ou, no mais tardar, na sexta-feira. A equipe da parlamentar calcula que há ;um pouco mais de 340 votos; favoráveis à Proposta de Emenda da Constituição (PEC) n; 6, que trata sobre o tema. A oposição calcula que o número de votos do governo no plenário não passa de 260 apoiadores. Líder da minoria, Jandira Feghali (PCdoB-RJ) diz que ;os votos foram feitos na ponta do lápis e que o número divulgado pelos governistas está inflado;.

O líder do PP na Câmara, deputado Arthur Lira (AL), partido que apoia a reforma, entende que não há um monitoramento preciso do número de apoiadores, como havia no governo anterior. Lira enfatizou que os acertos em relação ao texto da proposta ainda estão pendentes. ;Se os destaques aparecerem no plenário como apareceram na comissão especial, teremos dificuldades;, admitiu.

O deputado José Nelto (GO), líder do Podemos na Câmara, declarou que a avaliação é de cautela. ;O governo tem que entrar em campo. Neste momento, há muitas dúvidas e questionamentos de votos, porque o parlamentar vota, e amanhã tem a pressão popular, principalmente na área de segurança pública, da PF, da PRF. Se começar a mexer muito na reforma, desidratar, aí não é reforma. Nós já deixamos de fora estados e municípios, e aí cada um terá sua responsabilidade;, declarou.

Para evitar a quebra de acordo na apresentação de destaques para a reforma da Previdência, Onyx e Hasselmann disseram que, após uma releitura jurídica do relatório do deputado tucano Samuel Moreira (SP), foi verificado que os policiais já foram contemplados com o pleito da categoria, que buscava ter integralidade nas aposentadorias aos que ingressassem nas corporações até 2013.

De acordo com Hasselmann, o artigo n; 5 do texto remete à Lei Complementar n; 51, de 1985, o que mais do que atende os objetivos das categorias. ;Na verdade, o que aconteceu foi que com esse estudo profundo houve um entendimento jurídica que a integralidade ficará até a promulgação da PEC. E eles estavam pedindo que fosse até 2013. Então, foi além do pedido. Então o texto atende mais do que foi pedido;, alegou.

;O presidente gostaria de ratificar o trabalho que atribui aos órgãos de segurança pública e entende as suas peculiaridades. Mas ele, também, entende que o Congresso tem, neste momento, condão para decidir o que é melhor para a Casa para que a Nova Previdência seja o mais rápido possível aprovada;, destacou o porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros. ;O senhor presidente considera que o Congresso tem plena capacidade de avaliar a possibilidade de mudanças.;

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