postado em 11/07/2019 04:03
O segundo dia de votação da reforma da Previdência, na Câmara, começou com cerca de duas horas de atraso e foi marcado por manifestações dentro e fora do plenário. A oposição, que levou faixas e camisas contra a proposta de emenda à Constituição, se mostrou, no correr do dia, cada vez mais ciente da dificuldade de barrar o texto, mas determinada a amenizá-lo, com a aprovação de destaques. Já os governistas, que no fim da tarde ostentavam bandeirinhas do Brasil, resumiram o discurso ao ;nós contra eles; em grande parte das falas no plenário.
Ainda pela manhã, o líder do PSol, deputado Ivan Valente (SP), disse acreditar que, com o debate promovido pela votação dos destaques e emendas aglutinativas, seria possível mudar parte dos votos dos parlamentares. Com o passar das horas, porém, ficou claro que as sugestões de alteração no texto serviriam muito mais para reduzir o que a oposição chamou de crueldade contra os trabalhadores. ;A estratégia da oposição será obstruir a pauta e, com essa obstrução, debater o texto. Mostrar ao povo que essa reforma não combate privilégio, esfola os pobres. Os R$ 850 bilhões do R$ 1 trilhão sairão do Regime Geral da Previdência de quem ganha de um a três salários mínimos;, afirmou Valente.
Na primeira parte do dia, os votos se concentraram nos requerimentos pela retirada da PEC da votação. Foram seis pedidos, todos derrubados pelos governistas. Os destaques só entraram na pauta à noite, dando a entender que o debate para a aprovação do texto está longe do fim.
Protestos
Vaias e aplausos eram comuns durante toda a sessão. As bandeiras do Brasil e os cartazes contra a reforma apareceram no fim da tarde, quando o clima estava mais quente, mas sob controle. Do lado de fora, também havia tensão. Cerca de 120 manifestantes, estimativa da Polícia Legislativa, em sua maioria professores, pediam a derrubada do texto. Quando a Polícia Militar chegou e quis que os presentes se afastassem da entrada do prédio, ocorreu um empurra-empurra. Os PMs usaram gás de pimenta para dispersar a multidão.
Um pouco depois, do lado de dentro, a bancada do PSol exibiu no plenário várias listas com centenas de assinaturas contra a PEC. Vice-líder da legenda, o deputado Marcelo Freixo (RJ) afirmou que parte dos nomes foi colhida dos manifestantes do lado de fora da Casa. ;São inúmeros abaixo-assinados, colhidos por diversos trabalhadores, de diversas categorias, contra a reforma da Previdência. Categorias de trabalhadores que foram impedidas de entrar hoje (ontem) na Câmara. Isso aqui é chamado de Casa do Povo, quase como uma ironia;, criticou. ;Os poucos professores que entraram foi porque ganharam uma ação com o ministro Toffoli (Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal). Porque, lá fora, estão ganhando gás de pimenta. É um retrocesso democrático muito grande.;