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Moro nunca negou as mensagens e sofre de amnésia, diz jornalista

Em audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, fundador do site The Intercept Brasil, Glenn Greenwald, questiona memória de Moro por ministro não se lembrar dos diálogos atribuídos a ele

Augusto Fernandes
postado em 11/07/2019 13:23
Glenn Greenwald durante debate na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Durante a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado nesta quinta-feira (11/7), o fundador do site The Intercept Brasil, Glenn Greenwald, condenou o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, por ainda não ter negado, desde a publicação da primeira reportagem do site, as mensagens atribuídas a ele e ao coordenador da força-tarefa da Lava-Jato, Deltan Dallagnol, que teriam sido feitas durante as investigações da operação. Segundo ele, o ministro apenas ;faz insinuações; para dizer que as conversas obtidas pelo site possam ter sido adulteradas.

[SAIBAMAIS] ;É importante observar que, desde o começo das nossas reportagens, o Moro nunca tentou defender o comportamento do nosso jornalismo. Ele está tentando fazer um jogo cínico. Ele não tem evidências para confirmar que o que publicamos não é verdade. A partir do momento que ele demonstrar que as nossas reportagens são falsas, nós teremos como comprovar que os materiais são autênticos;, respondeu.

Além disso, o jornalista e alega que Moro sofra de ;amnésia; por não se lembrar de nenhum dos diálogos. ;A grande maioria das mensagens são de um ano atrás. O Moro está fingindo que tem amnésia, com uma memória tão incapacitada que não pode se lembrar de nada disso;, afirmou. ;Ele não consegue negar que nosso material é autêntico e nunca vai conseguir, pois ele sabe que existem procuradores dentro do Ministério Público que comprovam a autenticidade das mensagens. Diferente do Moro, alguns deles têm memória e ainda contam com as mensagens nos seus celulares;, acrescentou Greenwald.

O fundador do The Intercept Brasil até citou uma matéria do Correio, de 29 de junho, em um que um procurador disse à reportagem que os trechos divulgados pelo site são verdadeiros. ;O procurador disse ;consegui recuperar alguns arquivos no celular. Percebi que os trechos divulgados não são de diálogos completos. No entanto, realmente ocorreram. Não posso atestar que tudo que foi publicado até agora é real e não sofreu alterações. No entanto, aquelas mensagens que foram publicadas são autênticas;, disse Greenwald.

;Chocado;


Greenwald lembrou que já trabalhou como advogado constitucional nos Estados Unidos. Por isso, quando teve acesso às mensagens atribuídas a Moro, ficou chocado com as atitudes do então juiz.

;Fiquei chocado por ver um juiz, que estava falando há pelo menos cinco anos que era neutro e negando explicitamente que estava colaborando com os procuradores, agindo o tempo todo para interferir nas investigações. Nos Estados Unidos, qualquer juiz que fizesse o que ele fez, até em casos pequenos, perderia seu cargo sem discussão;, frisou.

Para o jornalista, é estranho saber que Moro não utiliza mais o aplicativo de mensagens no qual teria conversado com Dallagnol.

;Quando perguntamos ao Moro porque ele não mostra as conversas originais ele diz que apagou o aplicativo e destruiu as conversas sem salvar essas informações em outro lugar. Como isso é possível? Como é tolerado que que juízes e procuradores destruam algo relevante, como evidências para o seu trabalho e para casos pendentes nos tribunais? Isso é absorção de justiça;, condenou.

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