postado em 12/07/2019 04:20
O presidente Jair Bolsonaro deu posse, ontem, ao delegado da Polícia Federal Alexandre Ramagem Rodrigues como diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ele assume o cargo no lugar do servidor de carreira Janér Tesch Hosken Alvarenga.
Ramagem foi um dos responsáveis pela escolta de Bolsonaro durante a campanha presidencial de 2018. Até o mês passado, era assessor especial do então ministro da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, demitido em junho por Bolsonaro.
No discurso de posse, Ramagem defendeu a modernização tecnológica da Abin, o combate ao crime organizado e o desenvolvimento da capacidade da inteligência cibernética. ;Neste momento de tecnologia e informação, a inteligência tem que se aperfeiçoar para entregar informação com agilidade;, disse. Nos bastidores, uma das razões apontadas para a substituição na Abin é que o Planalto vinha recebendo informação primeiro pelas redes sociais e depois pela agência.
A Abin está subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional, comandada pelo general Augusto Heleno, que também fez um discurso ressaltando a necessidade de a agência ser ágil. Segundo ele, a escolha de um delegado da Polícia Federal foi estratégica, para que as agências trabalhem integradas.
Bolsonaro também falou sobre a necessidade de a agência trabalhar com rapidez e saber usar as informações que coleta. Ele disse que o radar da Abin não captou, por exemplo, que ele seria eleito. ;Quer queiram, quer não, dei azar ou não, eu sou o presidente da República. Jamais esperava estar aqui. Eu acho que, com todo respeito à Abin, até quatro meses antes das eleições, o pessoal não havia botado no radar ainda essa possibilidade, que foi uma coisa completamente anormal;, frisou. ;Partido quase inexistente, sem fundo partidário, pancada pra tudo quanto é lado, facada no meio do caminho e aconteceu o milagre de Deus, no meu entender.;
Bolsonaro contou que, quando serviu como capitão do Exército na cidade de Nioaque, Mato Grosso, entre 1979 e 1981, não foi inteligente ao deixar que soubessem que havia feito um curso de eletricidade por correspondência. ;O motor só quebrava na sexta-feira, então, eu passava sábado e domingo arrumando os geradores. Se eu tivesse inteligência, não tinha colocado que tinha o curso;, destacou. ;Outra missão complexa que tive na fronteira foi ser oficial de informações. Foi o pouco que eu tive sobre o que é isso daí;, emendou, ao explicar sua experiência com o relato de informações apuradas. ;O que o presidente precisa, o que nós chefes de família precisamos, é saber o que está acontecendo. Depois que acontece alguma coisa, é tarde pra gente tomar uma posição. A gente precisa da informação para não ser surpreendido.;
Segundo da PF
Alexandre Ramagem é o segundo delegado da PF a comandar a agência. Ao assumir, em 2003, o então presidente Lula nomeou o delegado Paulo Lacerda, que foi exonerado em 2007 por suspeita de envolvimento de agentes da Abin em escutas telefônicas irregulares durante a Operação Satiagraha, da PF.