O coordenador da Lava-Jato no Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, Eduardo El Hage, criticou a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, de suspender as investigações contra o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) que utilizem dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
De acordo com o procurador, a decisão "suspenderá praticamente todas as investigações de lavagem de dinheiro no Brasil", o que seria um "retrocesso sem tamanho".
Nesta terça-feira (16/7), Toffoli atendeu o pedido da defesa de Flávio Bolsonaro, alegando que as informações financeiras foram repassadas sem autorização judicial.
Agora, os processos com essas características devem ficar suspensos até que o STF analise um recurso em plenário para avaliar a legalidade do repasse das informações. O despacho vale para investigações deste tipo em todo o país.
Em nota, El Hage diz que ao exigir decisão judicial para a utilização dos relatórios do Coaf, ignora-se o "macrossistema mundial de combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento ao terrorismo e aumenta o já combalido grau de congestionamento brasileiro".
Depósitos
De acordo com o Coaf, Flávio recebeu 48 depósitos entre junho e julho de 2017. O valor total foi de R$ 96 mil. As informações foram usadas pelo Ministério Público do Rio para abrir investigação contra o senador e o ex-assessor Fabrício Queiroz.
Em maio, o MPRJ já havia afirmado que o senador estaria direcionando esforços para tentar interromper investigações sobre as movimentações financeiras atípicas apontadas pelo Coaf.