postado em 17/07/2019 04:03
O tuíte onde o ministro da Justiça, Sérgio Moro, sobe o tom contra vários veículos de imprensa provocou polêmica não apenas nas redes sociais. Representanes de entidades defenderam a liberdade de expressão e criticaram a postura do ex-juiz, que disparou contra sites, revistas e jornais que divulgaram e confirmaram a autenticidade de mensagens trocadas por Moro, quando juiz, com membros do Ministério Público, durante a Operação Lava-Jato. O teor das supostas conversas indica possíveis violações à imparcialidade na condução dos processos. Segundo ele, porém, as divulgações tratam de uma campanha a favor da corrupção.
;Sou grande defensor da liberdade de imprensa, mas essa campanha contra a Lava-Jato e a favor da corrupção está beirando o ridículo. Continuem, mas convém um pouco de reflexão para não se desmoralizarem. Se houver algo sério e autêntico, publiquem por gentileza;, postou Moro às 8h06 de ontem. Uma internauta disse que o ministro ;está se comportando como um César, se acha superior aos outros;. ;O trabalho da imprensa não depende da sua autorização, sabia?;, questionou. Outro defendeu o ex-juiz, chamando os veículos de ;imprensa vermelha;. ;Hoje não conseguem mais manipular a população e partiram para o ataque aberto;, escreveu.
Proteção
Coordenador da área de Proteção e Segurança da ONG Internacional Artigo 19, Thiago Firbida avaliou o tuíte do ministro. ;A fala é inaceitável. Temos de pensar que, de acordo com padrões internacionais, a primeira função das autoridades públicas ao lidar com veículos de imprensa é legitimar o trabalho jornalístico. Pode discordar, mas não deslegitimar. E qualquer ataque de violação contra jornalistas deve ser repudiado. Moro deveria se abster e defender o livre exercício da liberdade de imprensa. Isso é cristalino nos padrões internacionais de direitos humanos e defesa de liberdade de expressão, e é o primeiro passo para evitar uma escalada de agressões;, comentou. A organização atua na promoção e defesa do direito à liberdade de expressão e informação.
Para Firbida, o ministro da Justiça incitou a hostilidade contra os veículos de comunicação. ;No ano passado, tivemos um aumento de 30% de ataques a comunicadores. É de responsabilidade de autoridades públicas, ainda mais ministro de Estado, combater o aumento da hostilidade contra quem faz comunicação. Esse tipo de declaração não só é ruim do ponto de vista da convivência democrática, mas abre espaço a agressão;, alertou. (RS)