postado em 25/07/2019 04:04
Tática de guerrilha na
narrativa de um crime
Ainda há poucos elementos ; pelo menos até aqui ; para se chegar a uma relação entre os hackers presos na operação da Polícia Federal e o vazamento das conversas entre os procuradores da Lava-Jato e o ministro da Justiça, Sérgio Moro. Nada mais fértil no terreno das especulações de Brasília do que incertezas e pouca informação. Depois da ação da PF, o que se viu foi uma guerra de narrativas, a começar pelo próprio ex-juiz.
No início da tarde, pelo Twitter, Moro, ao parabenizar a Polícia Federal, num texto enviesado, escreveu: ;Pessoas com antecedentes criminais, envolvidas em várias espécies de crimes. Elas, a fonte de confiança daqueles que divulgaram as supostas mensagens obtidas por crime;.
A questão é ; tirando o fato de que o ministro pode ter maiores informações sobre as prisões ; que a relação entre a ação da Polícia Federal e o conteúdo divulgado pelo site Intercept ainda é impossível de ser estabelecida, por absoluta falta de elementos. Mas, aí entra a outra narrativa, a de que há uma cortina de fumaça e ;bodes expiatórios; foram presos para que se achem culpados pelo vazamento. Nos bastidores, quem acompanhou a investigação garante que nem tanto ao mar nem tanto à terra. Uma coisa é ter achado, numa operação de sucesso, os hackers que invadiram o celular de Moro, outra é fazer uma ligação com o vazamento da Lava-Jato.
Operação dificultada
A decisão do ministro Dias Toffoli, que proíbe a continuidade de investigações que utilizem dados de Coaf, Receita e Banco Central sem autorização da Justiça, limitou o trabalho da PF no caso dos hackers. Os investigadores cogitaram abortar as diligências até que o tema fosse analisado pelo plenário do STF. No entanto, as equipes decidiram evitar avançar em detalhes das transações financeiras para não entrar em choque com a determinação do ministro. Ficou decidido que as movimentações mensais nas contas dos acusados eram estranhas o suficiente para motivar um pedido de prisão na Justiça.
A avaliação de momento é de que o trabalho ainda poderá
ser prejudicado caso o STF mantenha o entendimento
de Toffoli.
Gato escaldado...
Assim como nas investigações envolvendo Adélio Bispo de Oliveira ; em que os delegados se sentiram pressionados pelo presidente Jair Bolsonaro a encontrar uma conexão mais ampla para o atentado ;, a turma da Polícia Federal agora tenta se blindar de interferências políticas no caso dos hackers. O receio é de que se aumente a tensão para chegar de qualquer forma a uma relação com os vazamentos das conversas do pessoal da força-tarefa da
Lava-Jato.
Luz ao fim do túnel / Nem tudo está perdido para o governo. O deputado Arthur Lira (PP-AL), líder da legenda na Câmara, brigou com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (foto), na votação da Previdência. O demista iniciou a votação da matéria à revelia do pepista. Não pegou bem, e o líder iniciou o recesso parlamentar na bronca. Dentro do partido, parlamentares dizem que é chegada a hora de o PP comandar movimento
de composição de parte do Centrão com o governo.
Cadê a base? / A solenidade do Saque Certo, ação governista que vai injetar R$ 30 bilhões na economia em 2019 via saques do FGTS, foi prestigiada por uma boa quantidade de colaboradores da Caixa, por secretários e representantes do Ministério da Economia e; por 10 deputados. Era esse o número de cadeiras reservadas aos parlamentares. Mesmo em período de recesso, a leitura de alguns é de que faltou mais engajamento da articulação política do governo. Afinal, trata-se de uma MP, que ainda precisará ser aprovada pelo Congresso.
Direito / Fábio Medina Osório,
ex-advogado-geral da União, se tornou o novo e primeiro presidente da Comissão Especial de Direito Administrativo Sancionador da
OAB nacional.
Colaboraram Rodolfo Costa e Renato Souza