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Hacker diz que passou dados a site

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 26/07/2019 04:04
Um dos fundadores do site, Greenwald disse que não fala sobre fonte

Em depoimento à Polícia Federal, Walter Delgatti Neto, o Vermelho, um dos detidos pela corporação, disse que repassou ao The Intercept Brasil mensagens trocadas por procuradores da Lava-Jato e pelo ministro Sérgio Moro. Desde 9 de junho, o site publica trechos de supostos diálogos entre as duas partes, que foram usados para lançar suspeitas sobre a parcialidade do então juiz em casos da força-tarefa. De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o acusado declarou que entregou as mensagens de forma anônima, sem cobrar recompensa financeira. O repasse dos conteúdos, segundo ele, ocorreu pelo aplicativo Telegram ao jornalista Glenn Greenwald, um dos fundadores do portal.

Walter Delgatti está sendo defendido por um advogado público federal e continua preso na Superintendência da PF em Brasília. Ele, assim como os outros três ; Gustavo Henrique Elias Santos, Suelen Priscila de Oliveira e Danilo Cristiano Marques ;, foi alvo de um mandado de prisão provisória, emitido pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10; Vara Federal de Brasília. Pelo Twitter, Glenn Greenwald disse que não fala sobre sua fonte.

O hacker usava sua conta no Twitter para compartilhar notícias publicadas na imprensa em torno do caso. Além disso, criticava o governo atual e exaltava o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na conta dele, criada em 2010 no microblog, compartilhava posts contra o presidente Jair Bolsonaro e publicações de apoio ao petista. Ele também compartilhou mensagens publicadas por parlamentares do PT. A primeira postagem dele em relação às publicações do Intercept ocorreu em 9 de junho, justamente a primeira reportagem sobre o assunto divulgada pelo site.

O suspeito retuitou uma mensagem do deputado Helder Salomão (PT-ES) afirmando que as declarações de que era perseguido, feitas por Lula, estavam sendo provadas. Em maio, quando os diálogos ainda não eram públicos, ele publicava críticas às manifestações favoráveis a Bolsonaro e à reforma da Previdência. A frequência com que postava no Twitter aumentou após a revelação dos supostos diálogos.

A conta dele não tem tuítes referentes ao período de 2012 a 2018. Antes disso, em 2011 e 2010, as postagens se limitavam a comentários corriqueiros sobre ações do dia a dia, como comer e dormir. Após um longo período de inatividade, as mensagens voltaram, em 27 de maio deste ano, duas semanas antes das primeiras publicações das supostas conversas travadas por Moro e pelos procuradores. De acordo com o jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo, alguns dos tuítes foram feitos de Brasília. A PF deve investigar se ele esteve fisicamente na capital ou se outra pessoa do DF teria acessado a conta do hacker .

Expulsão

O presidente do DEM, ACM Neto (BA), emitiu nota, ontem, em que anuncia a expulsão de Walter Delgatti Neto, filiado ao partido. De acordo com o comunicado, o hacker descumpriu os deveres éticos previstos estatutariamente pela sigla. ;Enfatizo, ainda, que Walter Delgatti não tem participação ativa na vida partidária da legenda;, disse.

ACM Neto também mencionou que o DEM não pode se responsabilizar pelas atitudes dos milhares de filiados. ;Condenamos, de maneira veemente e dura, o cometimento de qualquer ato de irregularidade por quem quer que seja ; filiado ao DEM ou a outras legendas;, destacou.

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