Agência Estado
postado em 27/07/2019 16:03
O jornalista americano Glenn Greenwald rebateu neste sábado, 27, declarações de Jair Bolsonaro, dizendo que as falas do presidente eram "comentários perturbados". "Ao contrário dos desejos de Bolsonaro, ele não é (ainda) um ditador. Ele não tem o poder de ordenar pessoas presas. Ainda existem tribunais em funcionamento. Para prender alguém, tem que apresentar provas para um tribunal que eles cometeram um crime. Essa evidência não existe", publicou o jornalista no Twitter.
Mais cedo, Bolsonaro havia dito que o jornalista americano, um dos fundadores do site The Intercept Brasil, poderia parar na prisão aqui no Brasil. "Ele não vai embora. O 'Green' pode ficar tranquilo. Talvez pegue uma cana aqui no Brasil, não vai pegar lá fora não", afirmou.
A declaração do presidente foi feita durante evento na Vila Militar, em Deodoro, no Rio de Janeiro. O presidente comentava uma portaria publicada esta semana pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, que permite a deportação "sumária" de estrangeiros considerados "perigosos". Bolsonaro, porém, negou que a medida tenha ligação com o jornalista americano, cujo site vem publicando supostos diálogos entre Sergio Moro e procuradores da Lava Jato em Curitiba.
Adoção
Glenn Greenwald também criticou a fala de Bolsonaro sobre a adoção de seus dois filhos. Segundo Greenwald, ele se casou com o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ) há 14 anos. "Sugerir que alguém adotaria - e cuidaria de - dois filhos para manipular a lei é nojenta. O Brasil tem 47.000 crianças em abrigos. A adoção é linda e deve ser encorajada, não zombado", escreveu o jornalista. Bolsonaro sugeriu que o casal teria adotado os filhos para se proteger se supostas sanções.
Repúdio
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) repudiou os comentários de Bolsonaro. "Ao ameaçar de prisão um jornalista que publica informações que o desagradam, o presidente Bolsonaro promove e instiga graves agressões à liberdade de expressão. Sem jornalismo livre, as outras liberdades também morrerão. Chega de perseguição", publicou a entidade no Twitter.