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MPF investiga morte em aldeia

Órgão apura invasão de garimpeiros ao território dos Waiãpi, no Amapá, que teria resultado no assassinato de cacique

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 29/07/2019 04:04
A Polícia Federal e o Bope estão na aldeia: em comunicado, Funai afirmou que não há mais conflito na região


Após a morte de um cacique, equipes da Polícia Federal e do Batalhão de Operações Especiais (Bope) chegaram à região do Amapá onde uma aldeia indígena foi invadida por garimpeiros. O ataque ocorreu na demarcação dos Waiãpi, próxima à cidade de Pedra Branca do Amapari. A informação de que as forças de segurança estavam no local, na manhã de ontem, foi confirmada ao Correio pela prefeita da cidade, Beth Pelaes (MDB). O Ministério Público Federal investiga o caso.

Os relatos sobre ataques aos indígenas Waiãpi começaram a ser divulgados no sábado, mas um memorando da coordenação regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) explica que a invasão ocorreu no dia 23, quando foi confirmada a morte do cacique Emyra Waiãpi. No primeiro momento, uma equipe da Funai atribuiu o óbito do líder indígena a um afogamento causado por ingestão de uma bebida tradicional, numa cerimônia. O órgão descartou essa possibilidade e confirmou que a morte aconteceu durante a invasão.

Havia ainda a informação de que outro líder indígena também tinha sido morto, o que não se confirmou. ;A segunda morte não ocorreu. A expectativa é de que não haja novos assassinatos, agora que a PF e o Bope estão aqui;, frisou Beth Pelaes. A Superintendência Regional da Polícia Federal no Amapá disse que não tem informações sobre o andamento das operações.

;Tendo em vista a dificuldade de acesso e de comunicação com o local, o tempo de resposta a essas informações tende a ficar prejudicado. Estamos aguardando contato das equipes que se deslocaram para atendimento ao ocorrido;, respondeu a corporação.

Até a noite de ontem, garimpeiros ainda estavam acampados na região. Não foi divulgado quantas pessoas ocupam o local. De acordo com o memorando da Funai, seriam de 10 a 15 garimpeiros ; lideranças indígenas chegaram a falar em 50. Os invasores estariam na aldeia Yvytotõ, a cerca de 40 minutos a pé da aldeia Mariry, onde estão concentrados os indígenas. A terra dos Waiãpi fica a aproximadamente 300km de Macapá.

A Funai afirmou, em comunicado, que não havia mais registros de conflito na região. ;Mesmo assim, a equipe da Funai e da PF permanecerão no local para garantir a integridade dos indígenas e a apuração dos fatos;, disse o órgão. Na noite de sábado, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), publicou texto pedindo apoio aos indígenas. ;Os esforços devem ser concentrados em garantir a segurança e o direito dos povos indígenas, que sempre viveram nessa região, direito garantido constitucionalmente;, escreveu. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) registrou ocorrência na Polícia Federal e também pediu providências a autoridades.

A tensão na região mobilizou artistas nas redes sociais. O cantor Caetano Veloso divulgou um vídeo de apelo para que autoridades apurem a situação. O mesmo fez o também cantor Criolo. Em nota, o Conselho das Aldeias Wajãpi (Apina) informou que o Emyra foi assassinado em 22 de julho, mas que não houve testemunhas e que o corpo só foi encontrado no dia seguinte.

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