postado em 31/07/2019 04:05
Dinheiro de menos para a cyberdefesa
Gastos federais para a proteção de ambientes virtuais despencam ano a ano, desde 2012. Levantamento da Associação Contas Abertas, feito com exclusividade para o Correio, revela que a ação 147F de implantação de sistema nacional de defesa cibernética autorizou, a partir daquele ano, até o último mês de julho, R$ 637,1 milhões (em valores constantes, IPCA). Mas apenas R$ 378,6 milhões foram pagos efetivamente.
Uma das descrições da ação 147F é a de ;ampliar a capacidade do país de atuar com liberdade de ação; a fim de elevar o nível de segurança da informação e das comunicações; assim como a capacidade de defesa nas esferas civil, industrial e militar, para atuação em ataques de natureza cibernética;. Entre os oito anos verificados no Orçamento, o ápice dos gastos ocorreu em 2012 (R$ 167 milhões). Segundo o Contas Abertas, o maior desembolso em valores efetivamente pagos ocorreu em 2016 (R$ 67 milhões).
As despesas despencaram nos últimos anos. Em 2018, foram gastos em valores constantes, atualizados pelo IPCA, apenas
R$ 34,8 milhões ; menor valor anual desde 2012. Em 2019, estão autorizados R$ 31,3 milhões. Até 27 de julho, foram consumidos R$ 15,7 milhões (50,1% do valor autorizado), incluindo os restos a pagar.
Ministério
Os recursos entregues até agora, segundo o Ministério da Defesa, foram para obras na Escola Nacional de Defesa Cibernética; adequação do saneamento no Forte Marechal Rondon ; local em que se encontram instalações relacionadas à Defesa Cibernética, no Distrito Federal; e celebração de convênios e parcerias com centros de pesquisa para o desenvolvimento e a implementação de soluções de segurança da informação e das comunicações.
Celulares
Em tempo: a ação 147F não abrange proteção a aparelhos celulares de autoridades do Executivo, parte delas vítimas dos hackers de Araraquara. Tal missão é do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
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Tranquilão/ Tido como o ;cabeça; do grupo acusado de hackear celulares de nomes do alto escalão do governo ; como Bolsonaro e o ministro da Justiça, Sérgio Moro ;, Walter Delgatti Neto não demonstrou nervosismo ao ser submetido à audiência de custódia ontem pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira (foto), titular da 10; Vara Federal de Brasília. No interrogatório, o suspeito falou por cerca 12 minutos e, ao contrário dos outros três investigados, não fugiu das acusações de que teria invadido ao menos mil aparelhos de autoridades. ;Tudo que fiz até agora foi por livre e espontânea vontade.;
Advogado na mira/ Nem mesmo Ariovaldo Moreira, advogado de defesa de dois dos investigados ; o casal Gustavo Henrique Elias Santos e Suelen Priscila de Oliveira ;, ficou refém do hackeamento de Delgatti. Após a audiência de custódia, ele revelou que o hacker tentou invadir o aparelho celular. Segundo Ariovaldo, Delgatti sabia de cor o número do aparelho dele. ;Ele (o hacker) falou: ;Eu tentei, tanto que o seu telefone é...;, e disse o número, na frente de todo mundo;, comentou o advogado. ;Mas Delgatti sempre foi assim;, acrescentou.
Estilo/ Enquanto os demais membros do grupo compareceram ao Edifício-sede 3 da Justiça Federal de Brasília com roupas simples, no caso de Danilo Cristiano Marques e Gustavo Henrique Elias Santos ; ou com uniforme de presidiária, como ocorreu com Suelen Priscila de Oliveira ;, Delgatti não economizou no estilo: apareceu de terno azul-escuro, camisa social-azul claro e mocassim marrom.
Medo do avião/ O voo que trouxe os suspeitos de São Paulo a Brasília, na terça-feira da semana passada, causou calafrios em dois dos investigados. Algemados, segundo disseram na audiência de custódia, Delgatti e Danilo Cristiano se assustaram com as condições do avião da Polícia Federal. ;Fiquei com medo de ele cair;, disse Walter. ;O avião era perigoso;, reforçou Danilo Cristiano.