Rodolfo Costa
postado em 02/08/2019 13:14
O governo não descarta a possibilidade de recuar na decisão de extinguir a Agência Nacional do Cinema (Ancine). A justificativa seriam os empregos gerados no setor audiovisual, diretos e indiretos, pela autarquia. Por ora, não há uma decisão cravada. Inclusive, afirmou nesta sexta-feira (2/8) que o ministro da Cidadania, Osmar Terra, apresentou a ele um rascunho para transformar a agência em uma ;versão parecida com o dinheiro da Lei Rouanet;. ;Tem que estudar isso aí. Se tiver que recuar, eu recuo;, declarou, e acrescentou que a Ancine ;não é apenas Bruna Surfistinha.;
Há duas opções na ;mesa; presidencial. Uma delas, não mexer na Ancine. ;Já começou a pressão para não (extinguir), deixar tudo como está;, declarou. Outra é usá-la como captação de patrocinadores por meio de renúncia fiscal. ;No momento, tem um decreto para vir a Brasília. Já apresentou o rascunho pra mim, o Osmar Terra, como seria a Ancine em uma versão parecida com o dinheiro da Lei Rouanet. Tem que estudar isso aí. Se tiver que recuar, eu recuo;, declarou.
A preocupação com os empregos é um dos principais fatores que o cogita recuar. ;Tem a questão do audiovisual, que emprega muita gente. Tem esse lado, não é apenas a Bruna Surfistina;, enfatizou. Em outras declarações, quando defendeu mudanças na agência, incluindo a extinção, citou como justificativa o filme lançado em 2011, protagonizado pela atriz Deborah Secco. Disse que não admitiria a utilização de recursos públicos para ;pornografia;.
Ao mencionar o filme Bruna Surfistinha, Bolsonaro brincou com a imprensa, dizendo que, ;se fosse há 40 anos;, teria assistido. ;Mas eu não vou ver não, fica tranquilo;, disse, aos risos. Entretanto, voltou a engrossar o coro de que não deseja que o dinheiro público seja utilizado ;para esse tipo de filme;. ;Não é censura, não proibi. Não estou falando que vou censurar isso ou aquilo, até porque não tenho poderes para isso. Agora, com dinheiro público, não;, frisou.
O martelo não está batido em relação à Ancine, mas quanto à proposta de tirar o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) da agência e transferi-lo para a Secretaria Especial de Cultura, subordinada ao Ministério da Cidadania, o recuo é mais provável. A proposta foi aventada por Bolsonaro na última semana, mas está, aparentemente, descartada. ;Existe essa possibilidade, conversei com o Paulo Guedes (ministro da Economia), e daí pintou a história ali de redirecionar. Falei ;não;, queria poder extinguir imposto. (Se possível) extingue. Acaba com o imposto;, declarou.