postado em 03/08/2019 04:04
Novos fatos envolvendo a Operação Lava-Jato colocam em choque os interesses do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Procuradoria-Geral da República. Num comunicado, a PGR negou que a chefe do Ministério Público Federal (MPF), Raquel Dodge, esteja sofrendo pressão para afastar o coordenador da força-tarefa no Paraná, Deltan Dallagnol, do cargo ou das ações da operação. Ele é alvo de suspeitas envolvendo investigações informais contra o presidente do STF, Dias Toffoli.
De acordo com reportagens do site The Intercept e do jornal Folha de S. Paulo ; a partir de conteúdo hackeado ;, Dallagnol pediu a procuradores de Brasília que obtivessem dados financeiros de Toffoli e o endereço de uma casa pertencente ao ministro que passou por reformas realizadas pela construtora OAS, envolvida em esquema de corrupção revelado pela Lava-Jato. De acordo com a Constituição, apenas a PGR pode investigar magistrados do STF.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, deu 48 horas para que sejam enviadas à Corte cópias dos diálogos apreendidos pela PF com quatro suspeitos de hackeamento, na Operação Spoofing. As mensagens são as que supostamente Dallagnol trocou com outros integrantes do MPF. Em nota, a PGR negou a pressão e disse que o procurador tem a garantia legal de não ser afastado dos processos da Lava-Jato.
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O presidente Jair Bolsonaro reafirmou, ontem, sua confiança no ministro da Justiça, Sérgio Moro. O chefe do Executivo disse também não se preocupar com a possibilidade de as provas colhidas na Operação Spoofing serem consideradas válidas. ;Ele, no meu entender, prestou um grande trabalho à nação, até pouco tempo atrás, mostrando as entranhas da corrupção no Brasil. Não posso falar nada mais além disso. Já falei para vocês, né?;, ressaltou.
Moro foi uma das autoridades da República que tiveram celular invadido pelos hackers presos. Existe a expectativa de o material apreendido comprovar ou não a veracidade das reportagens publicadas pelo Intercept. O site publicou supostas mensagens trocadas entre o então juiz Moro e procuradores da Lava-Jato. O teor sugere ilegalidade na conduta do agora ministro.
;A procuradora-Geral da República Raquel Dodge não sofreu qualquer pressão de qualquer tipo para determinar a medida de afastamento referida na matéria, de quem quer que seja, e tampouco convocou, ou realizou reunião de emergência para discutir o assunto na quinta-feira dia 1; ou em qualquer data anterior ou posterior;, informou a PGR.