Os hackers suspeitos de invadir os celulares de autoridades e de repassar conversas entre o ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o chefe da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol ao site The Intercept Brasil, estão presos no sistema carcerário do Distrito Federal. Na última sexta-feira, três dos quatro hackers foram transferidos para penitenciárias do DF. Danilo Cristiano Marques e Gustavo Henrique Elias Santos, para o Complexo da Papuda, em São Sebastião, e Suelen Priscila de Oliveira, para a Colmeia, no Gama. O único que permanece na Superintendência da Polícia Federal é Walter Delgatti Neto (veja quadro).
Como o conteúdo do processo é sigiloso e restrito à Justiça Federal de Brasília, os presos estão isolados para evitar o vazamento de informações. Em nota, a Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe) informou que ;por motivos de segurança, todos ficarão separados da massa carcerária, em celas distintas e sem contato entre eles.;
Os suspeitos de invadir ou tentar invadir os celulares de autoridades públicas acabaram no sistema penitenciário do DF após o juiz da 10; Vara Federal de Brasília converter a prisão temporária em preventiva na última quinta-feira. O pedido partiu da Polícia Federal, que considerou um risco para as investigações caso o grupo fosse libertado.
Os suspeitos foram presos temporariamente em 23 de julho, em Ribeirão Preto e Araraquara, no interior de São Paulo, e na capital paulista, após investigadores da PF conseguirem rastrear os endereços eletrônicos deles, durante a Operação Spooling, que apura o acesso ilegal a celulares de diversas autoridades.
Entre as vítimas hackeadas, estão os ministros da Justiça e da Economia Sérgio Moro e Paulo Guedes, além do presidente da República, Jair Bolsonaro; a procuradora-geral da República, Raquel Dodge; e os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha.
Transferência de dados
O Spooling, ou simplesmente Spool, é um processo de transferência de dados para outra área de trabalho temporária em que outro programa pode acessá-lo para processá-lo em um tempo futuro.
Os presos
Gustavo Henrique Elias Santos
Conhecido como DJ Guto Dubra de Araraquara, cidade do interior de São Paulo, tem 28 anos, e trabalhava com organização de festas eletrônicas. Foi preso, em 2013, por receptação de uma caminhonete. Julgado em 2015, foi condenado a seis meses em regime semiaberto. Movimentou R$ 424 mil, entre 18 de abril e 29 de junho de 2018. Tem renda média de R$ 2.866.
Suelen Priscila de Oliveira
É casada com Gustavo, tem 25 anos, e foi presa no mesmo endereço do marido, em São Paulo. Movimentou R$ 203 mil, entre 7 de março e 29 de maio. Tem renda mensal registrada de R$ 2.191.
Walter Delgatti Neto
Conhecido como Vermelho, tem 30 anos, e foi preso em Ribeirão Preto (SP). Costumava se apresentar como investidor e estudante de medicina da Universidade de São Paulo (USP), onde não estudava. Foi alvo de mandado de busca e apreensão em 2015, quando a namorada do irmão dele, de 17 anos, o acusou de dopá-la e estuprá-la. Em sua página no Twitter, fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro e a Sérgio Moro. Chegou a responder ao coordenador da Lava-Jato em Curitiba, procurador Deltan Dallagnol, sobre como identificar se o conteúdo vazado do seu celular era verídico. Compartilhava páginas de sites ligados à esquerda, mas era filiado ao DEM desde 2007.
Danilo Cristiano Marques
É motorista de Uber, tem 33 anos, fazia curso de eletricista, e também foi preso em Araraquara. Teve uma microempresa de comércio de equipamentos de telefonia e comunicação com o nome Pousada e Comércio Chatuba.