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Oficial da Força Aérea assume Inpe

Ministro Marcos Pontes anuncia novo comando para o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais depois de polêmica sobre desmatamento

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 06/08/2019 04:04


Após dois dias da polêmica demissão do ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Ricardo Galvão, o ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Marcos Pontes, anunciou ontem o oficial da Força Aérea Darcton Policarpo Damião como presidente interino do instituto. Darcton Policarpo ficará no cargo até que o diretor definitivo do órgão seja escolhido. A escolha será feita por meio de um comitê de busca que montará uma lista tríplice. No entanto, a data ainda não foi definida.

De acordo com o Marcos Pontes, a escolha de Policarpo foi feita com base em três critérios: capacidade de gestão, entendimento do Inpe e conhecimento de questões de desmatamento. ;Recebi uma série de currículos e analisamos com base nesses critérios. Desta análise de currículo, quem foi o vencedor foi o Doutor Darcton Policarpo Damião. Ele tem passagem pelo Inpe e é uma pessoa de confiança. Vai ser um ótimo diretor interino para dar continuidade a este trabalho;, disse o ministro por meio de um vídeo nas redes sociais.

De acordo com o ministro da Ciência e Tecnologia, o nome de Darcton Policarpo Damião será enviado à Casa Civil, e a substituição deve ser confirmada ainda nesta semana.

Segundo o currículo na Plataforma Lattes, Darcton Policarpo Damião se graduou em Ciências Aeronáuticas na Academia da Força Aérea (AFA). O militar é mestre em sensoriamento remoto pelo Inpe e doutor em desenvolvimento sustentável pela Universidade de Brasília, com tese de doutorado sobre desmatamento na Amazônia.

Darcton assume o órgão após a polêmica sobre dados do desmatamento na Amazônia, que motivou a exoneração de Ricardo Galvão. O ex-diretor autorizou a divulgação do levantamento que mostrava um aumento de 88% do desmatamento da Floresta Amazônica em junho deste ano em relação ao mesmo mês de 2018. Após o episódio, Galvão foi alvo de críticas do presidente Jair Bolsonaro, que considerou ;mentirosos; os dados apurados pelo instituto.

Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, chegaram a convocar uma entrevista coletiva no Palácio do Planalto para contestar os dados divulgados pelo Inpe. Entidades ligadas ao setor também divulgaram notas à imprensa na semana passada, lamentando a exoneração de Galvão. O subprocurador-geral da República, Nívio de Freitas Filho, divulgou uma nota afirmando que o inconformismo do governo com os dados é ;inaceitável; porque o Inpe trabalha com ;extremo rigor;.

O ministro Marcos Pontes comentou o caso. ;Para falar verdade, todos os questionamentos e problemas foram positivos para o sistema como um todo. O sistema vai ser ainda melhor;, disse no vídeo. Com relação ao ex-diretor, Marcos disse que teve uma conversa com Ricardo Galvão em que ele mesmo percebeu que a situação estava constrangedora. ;O assunto poderia ter sido resolvido pelo ministério, mas não vamos discutir o que poderia ser feito no passado. O Galvão mesmo se sentiu desconfortável em permanecer no instituto;, completou.

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