Politica

Lobby e fritura pelas próximas 150 horas até a escolha do novo PGR

Proximidade do anúncio do novo chefe da Procuradoria-Geral da República movimenta os bastidores da instituição

Rodolfo Costa , Leonardo Cavalcanti
postado em 08/08/2019 06:00
Possibilidade de recondução de Raquel Dodge não está descartada, mas chances dela se reduziram ao votar contra indicação de Bolsonaro  para comissãoA declaração do presidente Jair Bolsonaro, de que anuncia até segunda-feira o nome do novo procurador-geral da República, abriu a temporada de frituras e lobbies na Esplanada e no Ministério Público. O forno está aceso e assim permanecerá por quase 150h.

O presidente confirmou que o subprocurador Augusto Aras, o favorito, ;está no radar;, como, também, outros, o que apenas aumentou a especulação para o cargo. Citou até a possibilidade de a atual titular, Raquel Dodge, ser reconduzida ao cargo.

;Acredito que, no máximo, (anuncio até) segunda-feira, até para dar tempo de conversar com os procuradores, (escolher) o possível nome, e fazer sabatina de modo que, quando a Raquel (Dodge) sair, ou ser reconduzida, estar tudo certo;, disse Bolsonaro nesta quarta-feira (7/8) pela manhã.

Aras entrou no alvo das redes bolsonaristas por supostamente ter citado um slogan petista em um evento acadêmico e ter sido cotado para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) na época da gestão de Dilma Rousseff.

Aliados de Aras negam qualquer relação com petistas e apontam um jogo pesado contra o nome do subprocurador vindo dos próprios colegas do MP. Ele tem apoio de parlamentares do DEM, incluindo o ex-deputado Alberto Fraga (DEM-DF), que o levou aos quatro encontros com Bolsonaro no Planalto, o que reforça o favoritismo de Aras.

Lista

Bolsonaro havia decidido anunciar o procurador-geral até o próximo dia 17, um mês antes do fim do mandato de Dodge, mas antecipará a escolha em quase uma semana. Uma das certezas é a de que não seguirá a lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR).

O presidente se esquivou ao ser questionado se Aras é o favorito para o cargo. ;Está no radar. Todo mundo está no radar ainda;, disse. A possibilidade de Dodge ser reconduzida, no entanto, é classificada como pequena, dizem interlocutores do Palácio do Planalto.

A dificuldade de Dodge aumentou na terça-feira, depois que o Conselho Superior do Ministério Público recusou indicação de Bolsonaro para a Comissão Nacional de Mortos e Desaparecidos. O subprocurador Ailton Benedito foi gongado por Dodge e mais cinco.

Benedito é alinhado com as ideias de apoiadores de Bolsonaro, e o veto dele à comissão foi visto como um recado do Ministério Público em relação as declarações polêmicas do presidente sobre vítimas da ditadura. A princípio, esperava-se um voto favorável de Dodge a Benedito, que chegou a ser cotado para a chefia da PGR, mas hoje é um apoiador de Aras.

O subprocurador também tem o apoio de ministros de Bolsonaro, como o da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas. Coordenador da 3; Câmara de Coordenação e Revisão em Matéria Econômica e do Consumidor, Aras conseguiu destravar ações envolvendo modais de transporte, como o ferroviário, o que agradou a área mais técnica do governo federal.

Cotação

Outros nomes ainda serão apresentados a Bolsonaro até segunda-feira. Nesta quinta-feira (8/8), a deputada Bia Kicis (PSL-DF), vice-líder do governo no Congresso, vai apresentar ao presidente a sugestão de um subprocurador. A conversa deveria ter ocorrido na terça-feira, mas foi adiada.

Primeiro colocado na lista tríplice da ANPR, o subprocurador Mário Bonsaglia corre por fora e tem o apoio da maior parte da categoria. Mas é fritado pela ala ideológica do governo, que o considera desarmamentista e sustenta que ele não tem afinidade com o presidente, que não recebeu até hoje nenhum dos indicados da ANPR.

Nesta quarta-feira (7/8), as forças-tarefas das operações Greenfield, Zelotes e Lava-Jato (núcleos do Paraná, do Rio de Janeiro e de São Paulo reforçaram o pedido para que Bolsonaro indique um dos escolhidos da lista tríplice. O argumento é o da independência do Ministério Público, que inclusive produziu resultados como a da Operação Lava-Jato. Entre os cotados ainda estão os subprocuradores Lauro Cardoso e Mônica Nicida.

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