Politica

Após reforma, regulamentação de garimpos é prioridade para Bolsonaro

Governo se prepara para avançar em mais pautas polêmicas

Luiz Calcagno, Rodolfo Costa
postado em 08/08/2019 06:00
Bolsonaro se encontrou com Maia e Alexandre de Moraes: olho em ''salvaguarda jurídica'' para policiaisSuperada a reforma da Previdência na Câmara, o governo dá sinais de que vai avançar em pautas da campanha eleitoral do presidente Jair Bolsonaro. Em café da manhã, nesta quarta-feira (7/8), com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro sinalizou a intenção de enviar um ;projeto mais amplo; sobre segurança pública, sugerindo modificações ao excludente de ilicitude ; espécie de ;salvaguarda jurídica; para policiais que matarem em serviço. Outra matéria que deve ser encaminhada ao Congresso é a regulamentação e legalização do garimpo.

As alterações ao excludente de ilicitude, previsto no artigo 23 do Código Penal, são para dar mais clareza e amparo jurídico aos agentes de segurança que, durante situações de confronto, provocarem morte por arma de fogo. Bolsonaro deu a entender que essa foi uma das pautas debatidas no café da manhã. ;Vamos apresentar projeto do Executivo mais amplo. Eu quero dar poderes ao povo para o povo poder reagir e não morrer. Essa é a minha palavra, bem como das nossas forças de segurança no Brasil;, afirmou. Na segunda-feira, ele sustentou que a violência cairá ;assustadoramente; com modificações ao excludente de ilicitude. ;Os caras (criminosos) vão morrer na rua igual barata. E tem que ser assim;, disse, em entrevista à jornalista Leda Nagle.

Bolsonaro também defendeu, nesta quarta-feira (7/8), a atividade do garimpo, ao comentar o roubo de 718kg de ouro no Aeroporto de Guarulhos (SP). Ele contou que deve receber dados sobre o crime. ;De onde veio (o ouro), para onde estava indo e, o mais importante, quanto se paga de imposto em cima disso;, comentou. Para ele, é inadmissível ;continuar assim;, em crítica aos entraves para a extração do ouro.

De acordo com o presidente, é preciso que o Estado honre contratos com empresas extrativistas, mas que não podem ser apenas elas a atuar na legalidade. ;O ouro é usado em um montão de coisas. É justo mandar o ouro embora assim, dessa forma (por meio das grandes empresas)? Quero dar dignidade ao garimpeiro;, destacou. A ideia é possibilitar que profissionais na região amazônica possam exercer legalmente a atividade. ;(Eles) não sabem fazer outra coisa a não ser pegar uma bateia, um jogo de peneira e ficar ali se aventurando. Eu quero dar dignidade, quero evitar uso do mercúrio;, justificou.

Desafios

O cientista político Lúcio Renno, professor da Universidade de Brasília (UnB), avaliou que o governo terá dificuldades para emplacar pautas eleitorais de Bolsonaro. Para ele, os debates sobre a reforma tributária vão ocupar a agenda governista no pós-Previdência e, somente depois disso, o presidente conseguirá levar temas controversos ao Legislativo. ;A tributária ainda é um desafio entre as grandes reformas que o governo se propôs a fazer. Talvez algo mais complexo que a Previdência, que, bem ou mal, contava com um consenso grande;, comparou.

Para Renno, a reforma ocupará a agenda do Congresso no segundo semestre e possibilitará a parlamentares manter o que ele chamou de ;ativismo legislativo;, que tem valorizado o papel do Poder. ;Outro elemento importante é que o próprio Legislativo tem se mostrado extremamente ativo. A Câmara aprovou nove projetos iniciados no primeiro semestre. É um fato histórico. Nunca antes houve tanto ativismo legislativo e tão rápido, com temas de interesse nacional;, frisou. ;Esse é outro elemento que precisa ser considerado para pensar nas chances de o governo avançar a própria agenda.;

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