postado em 08/08/2019 04:05
O ministro da Economia, Paulo Guedes, não descarta o possível afastamento de Roberto Leonel, presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). A permanência de Leonel no cargo ficou sob risco depois da crise que resultou da decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) de afastar dois auditores-fiscais da Receita Federal de suas funções e suspender a fiscalização de mais de 133 contribuintes, entre os quais ministros do STF e familiares. Guedes admitiu que ;cabeças podem até rolar, se for o caso;, mas destacou que prefere, primeiro, encontrar uma solução institucional para o Coaf, e prometeu que, na semana que vem, terá uma solução.
;Estou olhando, estou vendo, analisando por vários ângulos. Mas acho que será uma solução rápida. Até a semana que vem;, afirmou Guedes. Quando questionado sobre o nome de um possível substituto do presidente do Coaf ; levado ao posto pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro ;, Guedes foi mais evasivo. ;Eu não estou dizendo nada disso. Eu estou o tempo inteiro dizendo que trabalho com métodos, processos e aperfeiçoamentos institucionais. Pessoa é consequência. O mais importante de tudo é o aperfeiçoamento institucional;, disse.
Para evitar o mal-estar que causou no Judiciário e no Legislativo a troca de farpas entre o Supremo e vários órgãos do Executivo e do Ministério Público, que repudiaram a atitude de Alexandre de Moraes, é preciso, na análise do ministro da Economia, deixar claro que não houve interferência nas atribuições de cada um dos Poderes.
;Então, é por isso que, se você só rola uma cabeça, você não resolve o problema lá fora, não. Toda vez que tem uma aparente crise institucional, a solução é um avanço e um aperfeiçoamento institucional, não é só uma cabeça rolar. Uma cabeça rolar pode até acontecer, mas desde que haja um avanço institucional;, afirmou. Aparentemente bem-humorado ao deixar o ministério, na noite de ontem, Guedes chegou a dizer que, mesmo se Leonel fosse substituído por Sérgio Moro, a situação precisaria de ajustes.
Crise
;Não é tirar uma cabeça e botar outra. Se sai Leonel e entra Moro, as ruas vão gostar. Mas Moro não é para investigar. O ministro Moro é parte da solução. Ele está nos ajudando a resolver a crise institucional;, destacou. Tem que haver, então, um ajuste fino, de forma que ;as ruas; fiquem tranquilas. ;Dizendo o seguinte: puxa vida, realmente em nada foi prejudicado o combate à criminalidade, à droga, aos malfeitos. Os monitoramentos continuam. Porque Coaf é monitoramento, não é investigação.;
O ministro afirmou ainda que, se é importante conter os eventuais excessos contra pessoas que não estão sendo investigadas ou que não são suspeitas, por outro, é preciso garantir que o Coaf não sofra ;qualquer interferência política;, nem mesmo dele próprio. Ele chegou a confundir o nome da pasta. ;Nem do próprio ministro da Fazenda, da Economia. Eu não terei o poder;, reiterou.
;Eu trabalho com métodos, processos. Pessoa é consequência. O mais importante de tudo é o aperfeiçoamento institucional;
Paulo Guedes, ministro da Economia