Politica

STF rejeita ação do PSL pela apreensão de crianças em situação de rua

Legenda também solicitou que o recolhimento de ''perambulantes, vadios e sem rumo na vida'' fosse autorizado para ''averiguação'', mesmo sem indício do cometimento de ato infracional

Renato Souza
postado em 08/08/2019 18:18
Supremo Tribunal Federal (STF) desaprovou o recolhimento de ''perambulantes, vadios e sem rumo na vida'' fosse autorizado para ''averiguação'', mesmo sem indício do cometimento de ato infracional.O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, manter em vigor artigos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que foram questionados pelo PSL. Em ação enviada ao Supremo em 2005, o partido pedia que fossem premitidos a apreensão ou o recolhimento de crianças e adolescentes em situação de rua.

De acordo com o texto da ação, o recolhimento ocorreria "para averiguação", mesmo que não tivesse indício de cometimento de crime. A decisão ecoa como um recado aos projetos do governo do presidente Jair Bolsonaro, que divulga intenções de alterar a política criminal para menores de 18 anos.

Se o pedido do PSL fosse acolhido integralmente, não seria necessária autorização judicial para recolher crianças e adolescentes. Além disso, o Conselho Tutelar passaria a ser responsável por analisar infrações cometidas por esse público. ;Isto quer dizer que as crianças carentes, ainda que integrantes deste quadro dantesco e desumano, não mais poderão ser recolhidas, pois adquiriram o direito de permanecer na sarjeta. E os perambulantes, vadios e sem rumo na vida, somente quando estivessem em flagrante de ato infracional;, diz um trecho do documento enviado ao Supremo pelo partido.

[SAIBAMAIS]Na mesma ação, o PSL solicitava que a internação de crianças e adolescentes também ocorresse no caso de atos infracionais ;graves;, mesmo que não façam parte dos crimes contra a vida. Na peça, a sigla solicitava "que as medidas de internação possam ser aplicadas quando houver o cometimento de outras infrações graves, sem a necessidade da prática de reiterados atos infracionais pelos menores".

Higienização

Ao votar, o ministro Gilmar Mendes, relator do caso, afirmou que a solicitação do PSL é ;uma tentativa de demonizar crianças e adolescentes;. Ele e outros ministros concordaram que a utilização de políticas educacionais têm mais eficácia, tanto para impedir o ingresso no crime quanto para ressocializar crianças e adolescentes.

O ministro Alexandre de Moraes, declarou que o PSL busca, na ação, "uma política de higienização terrível". "O que se pretende é penalizar as crianças e os adolescentes pela ausência de efetiva proteção integral que deveria ser realizada pelo estado, pelo país e pela sociedade", disse o magistrado ao votar.

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