Agência Estado
postado em 09/08/2019 11:53
Um dia após defender que o Congresso não dê prioridade ao pacote anticrime do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, para não atrapalhar a pauta econômica, o presidente convidou o ministro para um café da manhã no Palácio da Alvorada e para uma cerimônia de promoção de oficiais-generais em Brasília.
Ao deixar o Alvorada, Bolsonaro desceu do carro com Moro para cumprimentar apoiadores e dar uma entrevista à imprensa. Bolsonaro disse que conversou com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na semana passada para pautar o projeto anticrime após a reforma da Previdência na Casa. Quem faz o calendário, ressaltou o presidente, são os presidentes da Câmara e o Senado.
"Logicamente, um ministro da 'situação' do Moro, no meu entendimento, veio para o governo com um propósito. E ele quer ver as suas propostas aprovadas. Ele tem consciência que não depende apenas dele, depende do Parlamento", declarou Bolsonaro. Ontem, o presidente afirmou que havia pedido paciência ao ministro na tramitação da proposta. "A paciência que eu peço a ele, e ele pede para mim também, faz parte do nosso dia a dia."
Perguntado se estava se sentindo pressionado, Moro respondeu: "Não. Talvez pela imprensa." Ele defendeu o projeto apresentado ao Congresso e disse que o governo acredita e vai defender a proposta. O ministro relatou estar conversando cotidianamente com os parlamentares sobre os pontos apresentados no texto.
Bolsonaro e Moro falaram da proposta afirmando que o chamado excludente de ilicitude proposto no projeto não é uma "licença para matar". Se um policial sair "atirando a esmo", declarou o ministro, isso será apurado. Quando Bolsonaro foi questionado se a proposta englobaria policiais que cometem excessos, respondeu: "Se o excesso jornalístico desse cadeia, todos vocês estariam presos agora."
Maia
Para o presidente Jair Bolsonaro, os comentários feitos ontem pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, não foram críticas pessoais. Maia disse que a eleição do atual chefe do Planalto é "produto dos nossos erros". Bolsonaro disse ver com naturalidade o comentário. "Mudou realmente, de esquerda para centro-direita ou direita o governo. Então o erro lógico que não é dele, é da esquerda que estava no poder."
Bolsonaro ainda defendeu a pauta do governo, afirmando que é possível crescer economicamente preservando o meio ambiente.