Thaís Moura*
postado em 14/08/2019 16:25
O deputado federal David Miranda (PSol-RJ) disse, nesta quarta-feira (14/8), que o partido deve enviar à Câmara dos Deputados um pedido para abrir uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) com a finalidade de investigar integrantes da força-tarefa da Operação Lava-Jato. O deputado ainda criticou o presidente Jair Bolsonaro, a indicação do filho Eduardo para a embaixada nos EUA e a atuação do ministro Sérgio Moro e do procurador Deltan Dallagnol na força-tarefa.David Miranda também relatou que tanto ele quanto o marido, Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept, têm sido alvos de ameaças de morte desde que começaram a publicar mensagens vazadas entre o ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o procurador Deltan Dallagnol. Miranda conceceu entrevista ao programa CB.Poder, uma parceria do Correio com a TV Brasília, nesta quarta-feira (14/8). Glenn compartilhou trecho entrevista em suas redes sociais.
[VIDEO3]
[SAIBAMAIS] "Desde que o Intercept começou a publicar as ações de alguns membros da Lava-Jato, que podemos chamar de corruptas, tem sido complicado, principalmente por causa das ameaças que minha família vem sofrendo. Hoje, eu ando com escolta armada, temos que modificar todo o sistema de segurança de onde vivemos", afirmou o deputado, que descarta a possibilidade de deixar o país, como fez Jean Wylllys, antes de abrir mão do mandato para Miranda assumir. "Nós (do PSol) vamos fazer uma CPI. Não a ;CPI da Lava-Jato;, mas uma CPI dos citados nas publicações que foram feitas, porque eles que vão ser alvos de investigação, eles que precisam responder pelos crimes, e tiveram vários (crimes), inclusive o de fraudar uma eleição (de 2018)".
Segundo o deputado, casado há 14 anos com Glenn Greenwald, os sites divulgam conteúdos relacionados à Lava-Jato e ao ministro da Justiça ainda têm "bastante material". "Alguns tabloides e blogs dizem que acabou o material, mas o que eu vejo são jornais publicando todos os dias, cada vez mais material. E eles têm bastante. Estou vendo cada dia mais o Glenn falando ao telefone, e ele diz que ainda não trabalharam nem na metade do material ainda", assinalou o parlamentar.
Para ele, as mensagens da chamada "Vaza-Jato" pegaram de surpresa os envolvidos no conteúdo. "Foi uma grande ;paulada; no governo Bolsonaro. A gente vê o reflexo disso, de forma que o Moro não aparece mais tanto dando suas palestras. Antes, ele fazia discurso em Harvard, agora ele vai em um programa de TV de quinta categoria defender a reforma da Previdência. E você vê a queda de credibilidade que ele e o governo estão tendo. A Operação Lava-Jato serviu para um propósito muito forte em nosso país, fez um grande serviço para a nação. O problema é que tivemos corpos corruptos dentro da operação, e isso precisa ser retirado para a força-tarefa continuar a fazer seu trabalho", acrescentou Miranda.
Em entrevista, o parlamentar ainda afirmou que não confia no ministro Sérgio Moro como comandante da Polícia Federal (PF) e acusou o ex-juiz de interferir nos resultados da eleição presidencial de 2018. "Ainda não tem na PGR uma investigação sobre essas publicações (sobre as supostas conversas). Temos claramente o envolvimento de um ex-juiz para poder interceder nos resultados de uma eleição. E não estou aqui para defender Lula e nenhum preso. O Dallagnol está sendo investigado, mas e o ministro que tem todas as evidências em suas mãos e controla a PF? Porque nesse exato momento ele pode estar acabando com todas as evidências. Não confio nele para estar olhando e comandando a PF", contestou o deputado.
Questionado sobre a facada de Adélio Bispo, ex-filiado do PSol, contra Jair Bolsonaro nas eleições do ano passado, David Miranda respondeu que "isso não tem nada a ver com o partido". Na época do ocorrido, o presidente chegou a fazer críticas à legenda por suposto envolvimento no crime. "Só porque Adélio fez parte do partido e foi filiado há uns 6 ou 7 anos, isso não tem nada a ver com o PSol. O presidente ataca a legenda porque somos um partido ético, não estamos em nenhuma lista de corrupção, e somos antibolsonaro mesmo. Somos o único partido com igualdade de gênero, que fala na lata, que tem grande influência nas redes sociais, e é um dos partidos que mais cresce junto a juventude", defendeu.
A respeito das eleições presidenciais de 2022, na qual o atual presidente já demonstrou intenção de concorrer, Miranda disse que, dentro da oposição, o "mais apropriado para enfrentar Bolsonaro" seria o deputado federal Marcelo Freixo (PSol-RJ). "Ele é um excelente parlamentar, vem fazendo trabalho há anos, combateu a milícia lá no Rio de Janeiro, tem experiência no campo, ele seria o melhor candidato, é uma pessoa do PSol que constrói o partido há bastante tempo. Ele conseguiria, talvez, derrubar Bolsonaro em 2022;, justificou o parlamentar.
Veja a entrevista:
Veja a entrevista:
Parte 1
[VIDEO1]
Parte 2
[VIDEO2]