Politica

Em dia de campanha, Bolsonaro critica esquerda

As falas foram direcionadas ao PT, a Cuba, Venezuela e ao Alberto Fernández, vencedor das primárias da eleição presidencial na Argentina

Rodolfo Costa
postado em 16/08/2019 19:43
Bolsonaro fala em microfoneO presidente Jair Bolsonaro engrossou o discurso de radicalização em uma narrativa que lembrou o período da campanha eleitoral. Sem poupar meias palavras, criticou os governos anteriores que ;estimulavam e desacreditavam; a ;heteronormatividade;, em uma fala regada de conservadorismo. Sobrou até mesmo para o Bolsa Família, ao associar o programa a um tipo de ;condução coercitiva; que, segundo ele, era utilizado pelos governos petistas com fins eleitorais, para ganhar votos. Não faltaram, ainda, críticas ao PT, a Cuba, Venezuela, e ao vencedor das primárias da eleição presidencial na Argentina, Alberto Fernández.

Todos os comentários foram feitos nesta sexta-feira (16/8), entre a saída do Palácio da Alvorada, e durante e após a solenidade de celebração do Dia Internacional da Juventude, no Palácio do Planalto. Para Bolsonaro, ;esses que dominaram o país; nos últimos governos, em referência às gestões petistas, não tinham a educação como prioridade, mas, sim, ;o título de eleitor (em uma mão), e, na outra, o ;cartão de um programa assistencial;. ;O que tira a juventude da miséria, ou homem, ou mulher, é o conhecimento. Não são programas sociais que, em alguns casos, são necessários. Até pela idade e pela condição daquela pessoa, mas não podemos crescer pensando nisso;, sustentou.

Nas eleições de 2014, recordou, ;uma candidata bateu no peito e falou que o nosso governo tem 50 milhões de pessoas que vivem do Bolsa Família;. ;Obviamente, muita gente, repito, mas outra parte, não. Pois não será, também, estimulada a sair desse tipo de condução coercitiva, vamos, assim, dizer. E o que o nosso governo precisa e está implementando são políticas públicas que visem abrir os olhos da juventude, mostrar, realmente, qual é o caminho certo. Dizer que você é responsável pelo seu futuro, o Estado não vai te atrapalhar, muito pelo contrário;, avaliou.

A partir daí, em declarações ditas na cerimônia do Dia Internacional da Juventude, Bolsonaro engatou no discurso conservador. ;Se fossem três, quatro anos atrás, em um evento como esse, talvez tivéssemos dois homens se beijando aqui na frente, estimulando, desacreditando, desconstruindo a heteronormatividade, como está no plano nacional de promoção e cidadania LGBT. Nada contra quem quer ser feliz com o parceiro igual a si, mas não podemos impor isso daí;, criticou.

O presidente não citou nominalmente, mas emendou o discurso falando sobre o ;kit gay;. ;Até nesse programa se falava em livros didáticos com essa temática para crianças a partir de 5 anos de idade. O que podemos esperar ao estimular jovens precocemente ao sexo? Já não basta termos crianças de 9 e 19 anos sendo responsável por 1,7 mil partos por dia;, reclamou. ;Não temos que combater isso? A intenção é estimular cada vez mais? Nós temos que ter, juntando os ministérios da Educação e da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, um casamento perfeito para dar meios para essa garotada, como vejo aqui, do Profesp, Programa Força do Esporte, (para que) sejam alguém no futuro;, frisou, ainda na cerimônia.

Argentina

Depois da solenidade, retomou os ataques à esquerda. Disse que o Brasil esteve à beira de estar ;ao lado da Venezuela;, há pouco tempo, em referência às eleições de 2018. ;Ou vocês acham que se o (Fernando) Haddad (candidato do PT) estivesse aqui, agora (na Presidência), estaria aonde numa hora dessas? Poderia estar recebendo o (Nicolás) Maduro (presidente da Venezuela), fazendo lá campanha para a (Cristina) Kirchner (vice de Alberto Fernandéz), na Argentina. E qual o destino de um país que entra no socialismo e comunismo? Tá aí, aqui em cima, Venezuela. Lá não tem nem cachorro pra comer mais. Estão fugindo da pena;, declarou.

O presidente lembrou que esteve duas vezes em Roraima na pré-campanha e viu meninas de 12 anos e senhoras de 50 anos se prostituindo no estado, na região fronteiriça com a Venezuela. ;Uma miséria. É isso que vocês querem no Brasil? Isso é a igualdade no socialismo que o PT sempre pregou. Todos iguais na miséria, por baixo, na prostituição, no desespero, comendo cachorro, gato, resto de comida no lixo. É isso que vocês querem no Brasil?;, ponderou.

A resposta à esquerda, de acordo com Bolsonaro, precisa ser dada por meio da educação. ;É (ela) que tira a pessoa da miséria, e não a doutrinação, como ainda vem sendo feita no Brasil, em muitas escolas. É o conhecimento que tira a pessoa da miséria. Por que o (Hugo) Chávez (ex-presidente da Venezuela) foi muito bem sucedido na Venezuela? Porque o socialismo deu certo;, respondeu, ironicamente. ;Porque tinha o barril do petróleo na casa dos US$ 120 e isso aí criou uns tremendos problemas sociais para atender o povo. Atender como? Jogando na miséria. Acostumando o povo a viver daquilo que tinha do Estado. O petróleo foi lá pra baixo, na casa dos US$ 30, e acabou, porra. Olha como estão vivendo agora;, justificou.

O discurso foi continuado por críticas a Cuba. Manifestou dúvidas sobre como recuperar a Argentina, que tem, segundo ele, em torno de 60 mil cubanos morando no país. ;O Brasil botou em torno de 10 mil (cubanos) fantasiados de médicos aqui dentro em locais pobres para fazer células de doutrinação e guerrilha. Tanto que, quando cheguei, eles foram embora. Porque eu ia pegá-los. Não sabem responder (sobre aplicação de medicamentos). Estavam aqui doutrinando porque cada cabeça tinha um valor que mandava para Cuba. Davam em torno de R$ 100 milhões para a ditadura cubana;, criticou.

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