postado em 18/08/2019 04:10
Recessão ameaça reforma tributária
O debate mal começou e o clima entre os partidos é de chance quase zero para a reforma tributária. A avaliação geral é a de que não há como ter mudança significativa em um cenário de crise econômica. Ninguém vai querer abrir mão de receita: nem os estados nem a União. O governo federal quer cuidar apenas dos seus impostos, para não precisar dividir o seu bolo. Os estados vão na mesma linha. De quebra, está em gestação algo parecido com a antiga CPMF, a antiga contribuição sobre movimentação financeira, popularmente conhecida como o imposto do cheque.
O cenário é mais preocupante do que em 2008, quando houve a quebra do Lehman Brothers nos Estados Unidos. Desta vez, avaliam, há a briga Estados Unidos versus China, risco de recessão na Europa e; por aqui, a Argentina em dificuldades, e o governo brasileiro sem recursos, como lembrou o presidente Jair Bolsonaro. O risco é de cada ente federativo tentar puxar o pouco que resta para o seu bolso e não sair reforma nenhuma.
Vespeiros abertos I
A semana será agitada pelas mudanças no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para o Banco Central, por medida provisória. Será mais um teste para o PSL, o Novo e todos aqueles que chegaram ao Parlamento lastreados pelo discurso de combate à corrupção. Para dourar a pílula, a ideia que prevalecia na sexta-feira era incluir a autonomia do BC no pacote.
Vespeiros abertos II
As mudanças no Coaf, a tentativa do presidente de indicar diretamente delegado da Receita Federal no porto de Itaguaí (RJ) e ainda a situação da Polícia Federal no Rio aproximam o governo da parte enrascada do Centrão e o afastam daqueles que esperavam o fim das ingerências políticas. Coaf, Receita e PF, parte importante da estrutura de Estado que combate os malfeitos, prometem se tornar o grande foco de desgaste para o governo dentro e fora do Parlamento.
Nem vem...
Pressionado pelo PT para disputar a Prefeitura de São Paulo, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo já avisou que não será candidato e pretende continuar dedicado à advocacia.
; Que não tem
Em círculos mais reservados, alguns petistas dizem que, se a eleição fosse pule de 10 para o PT em São Paulo, as correntes partidárias não estariam atrás de Cardozo. O clima hoje na capital paulista não está para o partido de Lula.
No colo do Senado
A demora na votação do PLC 79, que reestrutura as telecomunicações, poderá colocar no colo do Senado a responsabilidade da intervenção na Oi. O projeto que dá fôlego às empresas de telefonia está tramitando a passos de tartaruga e a lentidão é atribuída nos bastidores às resistências da Claro à proposta. As demais empresas e o governo são a favor do projeto.
CURTIDAS
Trocou mesmo/ Aliados do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, já perceberam as mudanças na articulação política do governo. As demandas dos parlamentares, assim que chegam, seguem diretamente para a Secretaria de Governo.
Una-se a ele/ Até o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (foto), que, há algum tempo havia dito que manteria a interlocução com Onyx, já se compôs com o novo ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. O ministro se mostrou aos políticos como um homem do diálogo. Resta saber se entregará os pedidos.
Farinha & bolo/ Enquanto o governador de São Paulo, João Doria, amplia a Invest SP para Xangai e Dubai, a Apex Brasil abre um escritório no Rio Grande do Sul. O governador gaúcho, Eduardo Leite, gostou. Mas os exportadores continuam ansiosos por medidas mais ousadas.
Sempre eles/ Os magistrados abrem a porteira por pedidos de reajustes salariais para compensar a inflação, haja vista a nota da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra). A entidade, como bem registrou o Blog do Servidor no site www.correiobraziliense.com.br, foi a primeira a reclamar do Orçamento de 2020 não conter o reajuste. Outras queixas virão.