Politica

Nas entrelinhas

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 19/08/2019 04:26


;Quem manda aqui sou eu;

Os subordinados sabem quem é o chefe e como devem se comportar. O guia, por sua vez, se impõe naturalmente, dosando ordens e gestos. Um comandante que precisa expressar que tem poder guarda algum problema com os comandados

Se Jair Bolsonaro desse alguma importância a conselhos, algum assessor mais próximo poderia dizer para o presidente que quem manda mesmo não precisa dizer tal coisa. Os subordinados, de maneira geral, sabem quem é o chefe e como devem se comportar na presença dele. O guia, por sua vez, se impõe naturalmente, dosando ordens e gestos. Um comandante que precisa expressar que tem poder guarda algum problema em relação aos comandados.

Um dos casos mais emblemáticos foi protagonizado por Bolsonaro na semana passada, durante a queda de braço com a Polícia Federal. Tratava-se, como se sabe, da troca de comandos em superintendências regionais, algo prosaico, mas ao longo da história de responsabilidade do diretor-geral da corporação. Depois de anunciar a substituição no Rio e destratar o delegado que comandava o órgão ao dizer que o problema era de produtividade, o presidente ainda vetou o acerto inicial entre o ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o chefe da PF, Mauricio Valeixo.

;Se ele resolver mudar, vai ter que falar comigo. Quem manda sou eu; (Quero) deixar bem claro;, afirmou Bolsonaro. ;Eu dou liberdade para os ministros todos. Mas quem manda sou eu;, reforçou. ;Está pré-acertado que seria lá o de Manaus;, conclui. O nome do superintendente do Amazonas é Alexandre Saraiva, inicialmente cotado para o Ministério do Meio Ambiente, na vaga que sobrou para Ricardo Salles. Saraiva,
aliás, é benquisto por parte do pessoal de fiscalização do Ibama. O problema é que Bolsonaro, além de ser obrigado a dizer que manda, teve de recuar, mantendo o que estava acertado entre Moro e Valeixo: a troca de Ricardo Saadi, que está no Rio, por Carlos Henrique Souza, lotado em Pernambuco.

Um presidente pode falar sempre, o quanto quiser. Aliás, é a partir das declarações de um político que se conhece as intenções, algo que por exemplo os eleitores acabaram privados ao longo da última campanha. Assim, aconselhar Bolsonaro a fechar a boca é ruim para o país ; e, neste caso, é até razoável que ele desconsidere recomendações nesse sentido. O que parece angustiar o pessoal pendurado no Planalto é o desgaste desnecessário do presidente. Basta ver a insatisfação da carreira de delegados da PF com Bolsonaro. Se a categoria votou em peso no capitão reformado, os apoios se desmancham numa velocidade impressionante. Só não vê quem não quer.

Embaixada

Até agora, todas as ações positivas de Bolsonaro no Congresso foram tuteladas por ministros ou pelos parlamentares. A missão de levar o filho para os Estados Unidos é um dos primeiros projetos do núcleo mais fechado do presidente ; incluindo a família. As chances de uma recusa do Senado são mínimas. Mas começa a ter gente que desconfia da missão.

Radares

Qual o pai que não vai pensar duas vezes antes de colocar os filhos no carro a partir de agora e encarar a estrada para uma viagem de férias ou de fim de semana? A política dos ;sem-radares; é um estímulo aos motoristas apressados e, por tabela, irresponsáveis. Imaginar que o cidadão de bem estará seguro sabendo que tem gente liberada para acelerar e provocar acidentes fatais só pode ser uma piada de mau gosto. As rodovias vão acabar nas mãos dos falsos ;pilotos;, livres agora para correr.

Segurança I

A área técnica do Ministério da Justiça, mais especificamente o secretário de Segurança, general Guilherme Theophilo, já tinha dado o alerta sobre a arriscada política de segurança do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.

Segurança II

Em meados de julho, em entrevista ao Correio, Theophilo, ao elogiar o trabalho dos generais Braga Neto e Richard Nunes na intervenção no estado, criticou Witzel. ;Tudo o que foi feito foi desfeito. São três secretários respondendo por uma pasta muito difícil. É uma nova ideia do governador, mas é um problema que o Rio vai enfrentar e vai ter que solucionar com os seus próprios recursos e meios.; As mortes de inocentes nos últimos dias mostram que a política de Witzel está longe de ser acertada.


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