Politica

Bolsonaro vê ação colonialista

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 23/08/2019 04:04
Presidente diz que Macron busca obter ganhos políticos ao instrumentalizar uma questão interna dos países amazônicos

O presidente Jair Bolsonaro utilizou as redes sociais, ontem à noite, para criticar a iniciativa do presidente da França, Emmanuel Macron, de levar ao G7, grupo dos sete países mais ricos do mundo, o problema das queimadas na Amazônia. Por meio do Twitter, Bolsonaro afirmou que ;a sugestão do presidente francês, de que assuntos amazônicos sejam discutidos sem a participação dos países da região, evoca mentalidade colonialista descabida no século 21;.

Mais cedo, em transmissão ao vivo pela internet, o presidente disse lamentar que Macron ;busque instrumentalizar uma questão interna do Brasil e de outros países amazônicos para ganhos políticos pessoais. O tom sensacionalista com que se refere à Amazônia, apelando até para fotos falsas, não contribui em nada para a solução do problema;.

Bolsonaro reconheceu que o desmatamento na região aumentou, mas argumentou que incêndios florestais ocorrem também em outras partes do mundo, como na Califórnia, nos Estados Unidos. Para o presidente, ;existe interesse de dizer que não somos responsáveis, para que, mais cedo ou mais tarde, alguém decrete uma intervenção na região amazônica;.

Pela manhã, ao deixar o Palácio da Alvorada, Bolsonaro já havia comentado a questão ambiental. Ele negou que as políticas do governo sejam responsáveis pelas queimadas, e acusou a imprensa de prejudicar os interesses do país, ao apresentá-lo como um ;Capitão Nero; da Amazônia.

;Não estou defendendo as queimadas, porque sempre houve e sempre haverá, infelizmente. Agora, me acusar como Capitão Nero tocando fogo lá é uma irresponsabilidade, é fazer campanha contra o Brasil;, disse o presidente, referindo-se ao imperador Nero, a quem algumas tradições atribuem o grande incêndio de Roma, no século 1;.

Psicose ambiental

Ao falar com os jornalistas, Bolsonaro voltou a criticar a ;psicose ambiental; que, segundo ele, obstrui o desenvolvimento do país. ;Essa psicose ambiental não deixa fazer nada. Eu não quero acabar com o meio ambiente. Eu quero é salvar o Brasil;, disse, defendendo a mudança de orientação em relação às últimas décadas. ;Se era para fazer a mesma coisa que fizeram até agora, o povo tinha que ter votado em outra pessoa, o povo está com a gente, minha base é o povo;, enfatizou.

Na véspera, o presidente tinha levantado suspeitas de que organizações não governamentais (Ongs) que recebem ajuda externa poderiam ter causado incêndios voluntariamente. Ontem, ficou indignado com publicações que teriam dito que eram acusações formais. ;Nunca acusei as Ongs;, afirmou. ;Eu disse que suspeitava delas;.

Na live do início da noite, Bolsonaro disponibilizou o Twitter do general Heleno ;@gen_heleno; para que denúncias possam ser feitas por meio do canal, monitorado por equipes da Abin. ;Se tiver suspeita ou a certeza de pessoas que estejam tacando fogo de forma criminosa, denuncie e bote aqui no twitter do Heleno;, disse.


"A sugestão do presidente francês, de que assuntos amazônicos sejam discutidos sem a participação dos países da região, evoca mentalidade colonialista descabida no século 21;
Jair Bolsonaro, presidente da República


Segurança reforçada nas embaixadas
Diante da expectativa de manifestações de entidades internacionais em defesa do meio ambiente nas embaixadas do Brasil nesta sexta-feira, o Itamaraty resolveu reforçar a segurança em suas unidades nas principais capitais de países estrangeiros. ;O Ministério das Relações Exteriores acompanha a situação. Os postos no exterior já adotaram medidas de reforço de segurança, conforme avaliação de necessidade local;, informou a pasta, em nota.


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