A crise internacional criada após as queimadas na Amazônia fez com que o governo tomasse providências para evitar maiores desgastes. Neste sábado (24/8), o Ministério da Defesa instalou um centro de operações conjuntas para administrar ações de combate a incêndios florestais na região amazônica. O espaço deve funcionar durante 24 horas e será comandado por representantes de diversos órgãos, como Ibama, ICMBio, Forças Armadas, a Presidência da República, Casa Civil, Ministério da Agricultura e do Meio Ambiente.
Embora o centro de operações tenha o braço de diversas instituições, quem vai coordenar as atividades é o chefe do Estado-Maior Conjunto da Forças Armadas, tenente-brigadeiro Raul Botelho. O militar disse, em entrevista coletiva, que o efetivo na região norte chega a 44 mil homens e que eles podem ser acionados de acordo com a demanda. "O emprego será, basicamente, para ações preventivas e repressivas contra ilícitos ambientais, levantamento e combate de focos de incêndio. Até a manhã de hoje, formalizaram o pedido de GLO os governadores de Rondônia e Roraima", afirmou o ministro da Defesa, Fernando Azevedo. À tarde Pará e Tocantins pediram ajuda. Extraoficialmente, Mato Grosso e Acre também solicitaram.
Na última sexta-feira (23/8), o presidente Jair Bolsonaro autorizou a atuação das Forças Armadas, por meio da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), para ajudar no combate a incêndios. A GLO deve valer durante um mês e está restrita ao território da Amazônia Legal. Ao ser questionado sobre ajuda oferecida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o ministro disse que apenas o presidente Jair Bolsonaro pode tomar essa decisão.
Também participou da coletiva o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que destacou que a competência para combater os incêndios é dos governos estaduais -- repartindo a culpa com as administrações locais. "Todos os entes federativos, não só a União, enfrentam, há algum tempo, sérias restrições orçamentárias. Portanto, as atividades correlatas precisam ser feitas de maneira eficiente para que os recursos tenham resposta na proporção do que é empregado. Pedimos aos estados que nos apoiem as ações de fiscalização", ponderou Salles.
O chefe do MMA tem sido criticado por cortar metade dos recursos destinados ao Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais. Ricardo Salles negou que as queimadas de 2019 sejam incomuns e disse que, analisando gráficos de 15 anos anteriores, os incêndios não destoam do que foi registrado em 2017 e 2018. Após as declarações, o ministro foi massacrado nas redes sociais e teve o pedido de impeachment impetrado no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo partido Rede, comandado pela ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva.
Verba contingenciada
Durante a mesma entrevista coletiva, Azevedo, da Defesa, destacou que existe um total de R$ 28 milhões contingenciados, montante que será usado a partir de agora, com a entrada em vigor da GLO, para combater as chamas na Amazônia.