postado em 25/08/2019 04:04
Ogoverno organizou ontem uma reunião de emergência para definir estratégias de ajuda aos seis dos nove estados da Amazônia Legal afetados pelas queimadas. Além disso, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, autorizou o uso da Força Nacional nas ações de combate ao fogo na Amazônia. Com isso, dois aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) começaram a ser utilizados no combate ao fogo na Amazônia. Segundo comunicado oficial, dois aviões C-130 Hércules estão sendo usados para conter as chamas, partindo de Porto Velho, capital de Rondônia. As aeronaves têm capacidade para carregar até 12.000 litros d;água, conforme informou a Aeronáutica. O lançamento dura sete segundos e a água se espalha por uma linha de 500 metros.
O encontro foi uma reação à crise internacional criada pelo aumento do desmatamento e das queimadas, que renderam críticas sobre a gestão do governo no meio ambiente. No encontro, o Ministério da Defesa, Fernando Azevedo, instalou um Centro de Operações Conjuntas para administrar ações de combate ao fogo na região. O espaço deve funcionar durante 24 horas e será comandado por representantes de diversos órgãos, como Ibama, ICMBio, Forças Armadas, Presidência da República, Casa Civil, Ministério da Agricultura e do Meio Ambiente.
Depois da reunião, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, falou à imprensa que, com a assinatura da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e a participação das Forças Armadas, a situação tende a melhorar. ;Temos pedido aos estados, desde o começo do ano, que nos apoiem na fiscalização e no controle das queimadas. Não é possível desenvolver medidas de controle sem o apoio estadual;. Ele destacou, ainda, que a participação do ministério da Defesa para o combate aos incêndios vai contribuir para que a situação seja controlada. ;Agora, com a GLO e a participação da Defesa, teremos muita efetividade naquilo que estamos fazendo;.
O titular do Meio Ambiente admitiu que o crime ambiental no Brasil vem crescendo nos últimos sete anos, e usou o fato para justificar o emprego da GLO, endossado pelo ministro da Defesa, Fernando Azevedo. ;O emprego (dos militares) será, basicamente, para ações preventivas e repressivas contra ilícitos ambientais, levantamento e combate de focos de incêndio. Até a manhã de hoje, formalizaram o pedido de GLO os governadores de Rondônia, Roraima, Pará e Tocantins;, afirmou Azevedo. Mato Grosso, Amazônia e Acre também pedem ajuda, mas ainda não formalizaram.
Fundo Amazônia
Ricardo Salles, que vem sendo criticado por cortar metade dos recursos destinados ao Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, negou que as queimadas de 2019 sejam incomuns e disse que, analisando gráficos de 15 anos anteriores, os incêndios não destoam do que foi registrado em 2017 e 2018. Após as declarações, o ministro foi massacrado nas redes sociais e teve o pedido de impeachment impetrado no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo partido Rede, comandado pela ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva. O ministro abordou o corte no repasse de verbas para o Fundo Amazônia: ;não houve cancelamento. O que aconteceu é uma suspensão de repasse, uma vez que as regras do Fundo estão sendo revisadas. Vale lembrar que existe um saldo de R$ 1 bilhão, que vai continuar sendo utilizado;.
Verba contingenciada
Durante a mesma entrevista coletiva, Azevedo, da Defesa, destacou que existe um total de R$ 28 milhões contingenciados, montante que será usado a partir de agora, com a entrada em vigor da GLO, para combater as chamas na Amazônia. ;Esse dinheiro está contingenciado. Ontem, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o secretário da Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, disseram que estarão lá. Mas, na atual situação, eu só acredito quando abrir o cofre e ver o dinheiro;. O ministro também falou a respeito da ajuda oferecida por outros países para o combate dos incêndios nas florestas brasileiras;, disse Azevedo. ;Qualquer ajuda é bem-vinda. Muitos países ofereceram auxílio para o Brasil combater os incêndios, vamos avaliar as propostas;, concluiu.
O centro de operações implementado ontem será coordenado pelo chefe do Estado-Maior Conjunto da Forças Armadas, tenente-brigadeiro Raul Botelho. O militar disse que o efetivo na região norte chega a 44 mil homens e que eles podem ser acionados de acordo com a demanda. Ontem, o governo chamou a imprensa para fotografar o embarque de militares às regiões que pediram ajuda da União, mas, por questões de ;melhor aproveitamento;, os integrantes das Forças Armadas saem hoje de Brasília.
12.000 litros
Quantidade de água que as aeronaves têm capacidade de carregar
7 segundos
Tempo que dura o lançamento da água, que se espalha por uma linha de 500 metros
Todos os ministros têm ingerência minha
O presidente Jair Bolsonaro disse ontem que não tem ;problema nenhum; com o ministro da Justiça, Sérgio Moro, apesar de desautorizá-lo em público em diferentes ocasiões. ;Não tenho problema nenhum com o Moro. Cada hora levantam alguma coisa (contra um ministro);, afirmou. O mais recente desencontro com Moro ocorreu na quinta-feira, quando Bolsonaro disse ser dele, e não do ministro, a atribuição de indicar o diretor-geral da Polícia Federal. Ontem, questionado se Moro tinha ;carta branca;, o presidente respondeu que tem ;ingerência; em todos os ministérios. ;Olha, carta branca... Eu tenho poder de veto. Se não, não sou presidente. Todos os ministros têm essa ingerência minha e eu fui eleito para mudar, ponto final;. Quando convidou Moro para ser ministro, Bolsonaro havia prometido ;liberdade total; para o então juiz federal.
Todos os ministros têm ingerência minha
O presidente Jair Bolsonaro disse ontem que não tem ;problema nenhum; com o ministro da Justiça, Sérgio Moro, apesar de desautorizá-lo em público em diferentes ocasiões. ;Não tenho problema nenhum com o Moro. Cada hora levantam alguma coisa (contra um ministro);, afirmou. O mais recente desencontro com Moro ocorreu na quinta-feira, quando Bolsonaro disse ser dele, e não do ministro, a atribuição de indicar o diretor-geral da Polícia Federal. Ontem, questionado se Moro tinha ;carta branca;, o presidente respondeu que tem ;ingerência; em todos os ministérios. ;Olha, carta branca... Eu tenho poder de veto. Se não, não sou presidente. Todos os ministros têm essa ingerência minha e eu fui eleito para mudar, ponto final;. Quando convidou Moro para ser ministro, Bolsonaro havia prometido ;liberdade total; para o então juiz federal.