Politica

''Governo rejeitará ajuda do G7'', diz Onyx Lorenzoni

A informação foi confirmada pelo Palácio do Planalto

Ingrid Soares
postado em 26/08/2019 22:36
A informação foi confirmada pelo Palácio do PlanaltoDiante da crise ambiental que o país enfrenta, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou que o governo rejeitará a ajuda do G7 para combate das queimadas na região amazônica. A informação foi confirmada pelo Palácio do Planalto.

A ajuda de 20 milhões de euros (cerca de 91 milhões de reais) foi anunciada ainda nesta segunda-feira (26/8) pelo presidente da França, Emmanuel Macron. Desde a semana passada, o presidente Jair Bolsonaro e o líder francês vêm trocando farpas.

"Agradecemos, mas talvez esses recursos sejam mais relevantes para reflorestar a Europa. O Macron não consegue sequer evitar um previsível incêndio em uma igreja que é um patrimônio da humanidade e quer ensinar o quê para nosso país? Ele tem muito o que cuidar em casa e nas colônias francesas", disse Onyx ao blog do colunista Gerson Camarotti, do G1.

Ele ainda completou dizendo que o país é "uma nação democrática, livre e nunca teve práticas colonialistas e imperialistas como talvez seja o objetivo do francês Macron. Aliás, coincidentemente com altas taxas internas de rejeição" e que ;não existe nenhum país que tenha uma cobertura nativa maior que o nosso", acrescentou.

Também nesta segunda-feira (26/8), Bolsonaro desdenhou da ajuda oferecida pelo presidente francês, Macron, questionando os objetivos em relação ao auxílio ambiental.

;Macron promete ajuda de países ricos à Amazônia. Será que alguém ajuda alguém, a não ser a pessoa pobre, né, sem retorno (financeiro)? O que está de olho na Amazônia, o que eles querem lá há tanto tempo?;, questionou Bolsonaro.

Fundo Amazônico

Após revezes diplomáticos sofridos pelo Brasil com o aumento do desflorestamento, a Alemanha e Noruega suspenderam o Fundo Amazônico, que custeava ainda ações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para proteger a região e evitar a exploração desenfreada da floresta.

Palavra de especialista

Para o especialista em Meio Ambiente e mestre pelo Programa de Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo (USP) e professor de Proteção Internacional do Meio Ambiente no Curso de Relações Internacionais, Luiz Fernando Ferreira, a recusa da ajuda pode arraigar as relações internacionais com a União Europeia e estimula futuros possíveis boicotes aos produtos brasileiros, além de alimentar a polarização.

;Isso só coloca mais lenha na fogueira, literalmente. O Brasil tem compromisso assumido no Acordo de Paris que precisa cumprir. É nítido que há o aumento das queimadas e não se está conseguindo controlar. O desprezo pela ajuda internacional do G7 não afeta só a relação com a França que é a polarização que tem alimentado. Afeta os demais países do G7, o que pode desencadear boicote dos produtos", analisa.

Ele continua dizendo que o risco de internacionalização da Amazônia é ínfimo. "Bolsonaro alimenta uma falsa aparência de nacionalismo, em defesa de uma Amazônia brasileira. É uma besteira, a própria França aceitou ajuda de outros países quando o museu pegou fogo".

Ferreira citou ainda que a decisão contradiz a fala do próprio ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que havia dito mais cedo que toda ajuda era ;bem-vinda;.

"Nas relações internacionais ninguém é criança. Há interesses comerciais, mas nosso país é soberano. O fato de aceitar ajuda não coloca na situação de subjugado. Ao contrário, pode aceitar sem perder a soberania. Há uma polarização, porque o presidente aceita a ajuda de governos de direita. O processo de alimentação dessa polarização é negativo.Qualquer brasileiro sabe que a Amazônia é nossa. Além disso, o plano dele nada tem a ver com preservação. Ele quer legalizar a mineracão e abrir o local para exploração", concluiu.

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